Política
Bolsonaro mente ao dizer que Brasil ‘está em lockdown há um ano’ e insinua fraude em mortes por Covid
Um dia depois de o País bater recorde de mortes pela doença, o presidente afirmou que ‘o povo quer trabalhar’


O presidente Jair Bolsonaro mentiu nesta quinta-feira 11 ao se manifestar contra a adoção de medidas mais restritivas na tentativa de conter a disseminação do novo coronavírus. Em pronunciamento ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro declarou que o governo “fez sua parte” e voltou a atacar governadores e prefeitos.
“Ficamos praticamente um ano em lockdown e começamos este ano com novas medidas seriamente restritivas, até para cancelar o futebol. Agora, tivemos ontem um suicídio na Bahia. Na carta ele se dirigiu ao governador e ao prefeito da capital, pediu aos familiares que cuidassem de sua filha. Há poucos dias tivemos suicídio em fortaleza. Depressão, não consegue sustentar a família, desespero”, afirmou o presidente, sem citar quaisquer detalhes sobre os episódios.
Sem apresentar qualquer evidência, Bolsonaro também tornou a insinuar a existência de fraude no número de mortes por Covid-19. “Tenho vários atestados de óbitos comigo. Várias comorbidades e lá embaixo está escrito ‘suspeita de Covid’. Entra na estatística como ‘morte por Covid”.
Ele ainda criticou a mobilização de hospitais para receber pacientes infectados pelo novo coronavírus. “Não existe mais câncer, problema de coração, só isso”.
Ao reforçar suas críticas ao que chama de lockdown, Bolsonaro se dirigiu aos seus apoiadores. “Até onde aguentaremos? Evitamos com medidas como o auxílio emergencial que o caos se instalasse no Brasil. Até quando vamos aguentar essa irresponsabilidade de lockdown? O que o povo quer é trabalhar. Onde se esperava um dia ouvir isso de um povo? E quem é que rema contra isso daí? Com que intenção?”.
Segundo Bolsonaro, “a política do fecha-tudo destruiu milhões de empregos”.
A declaração vem um dia depois de o Brasil registrar um novo recorde de óbitos por Covid-19 em 24 horas: 2.286. Ao todo, a doença já matou 270.656 pessoas no País.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.