Bolsonaro faz culto virar ato eleitoral: ‘Se querem que esses ministros continuem, eu sou a pessoa’

O novo ministro do STF, por sua vez, se definiu como alguém que, 'sob o aspecto religioso, defende a importância do Estado laico'

Foto: Reprodução

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O culto promovido pela Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil, em Brasília, para celebrar a posse de André Mendonça como ministro do Supremo Tribunal Federal ganhou um forte tom eleitoral no discurso do presidente Jair Bolsonaro, que voltou a exaltar sua proximidade com o novo magistrado.

“Tomou Tubaína comigo algumas vezes”, destacou nesta quinta-feira 16 o ex-capitão, que tornou a dizer ter cumprido a promessa de indicar para o STF um nome “terrivelmente evangélico”. Mendonça, avaliou Bolsonaro, tem como uma de suas principais virtudes “a humildade”.

Mas o pronunciamento do presidente ganhou um marcado contorno de propaganda política. Ao exaltar a suposta qualidade de seu corpo de ministros, colocou 2022 em evidência.

 

 


“Se vocês acharem que pessoas da formação e da dedicação desses que temos aqui, como o nosso ministro Milton [Ribeiro], da Educação, o Tarcísio [Freitas, da Infraestrutura], vários outros excelentes ministros… Se vocês querem que essas pessoas continuem, eu sou a pessoa para mantê-las – não empregadas, mas servindo à nossa Pátria”, afirmou Bolsonaro, que também elogiou outros ministros, como Joaquim Leite (Meio Ambiente) e Marcelo Queiroga (Saúde).

“A renovação existe no Judiciário, no Executivo e no Legislativo. Isso é com vocês. Tem que renovar? É natural. Tem que manter? Tem que ser reconhecido o trabalho? Que se mantenha.”

Bolsonaro ainda disse que “se Deus continuar me dando força, tenham certeza de que outras de que outras pessoas como o André estão em nossos meios”.

André Mendonça, por sua vez, se definiu no culto como alguém que, “sob o aspecto religioso, reconhece e defende a importância do Estado laico”. Ao mesmo tempo, ponderou, disse ser “alguém que tem em Cristo o seu modelo e referencial de vida”.

O novo ministro do Supremo também declarou que “sem a Justiça haveria um vazio de legitimidade ao próprio Estado Democrático de Direito” e que “a sua aplicação, em concreto e em abstrato, tem valor inestimável para a sociedade”.

“Com essa consciência, reafirmo não apenas o meu compromisso com a democracia, mas com a busca permanente e incansável da Justiça, no seu sentido mais puro”, acrescentou.

Único colega de Mendonça presente na cerimônia religiosa, o ministro Ricardo Lewandowski elogiou o novo magistrado da Corte.

“Estou convencido de que André Mendonça tem caráter e prestará relevante serviço ao nosso querido Brasil”, apostou Lewandowski. Ele ainda afirmou que ter uma religião não é defeito. “É uma virtude. É porque quem é religioso cultiva valores, princípios.”

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