Política

Bolsonaro em reunião com ministros: “Não vou esperar f*** minha família”

A AGU entregou ao STF trechos transcritos das falas do presidente durante encontro. Bolsonaro cita o nome da Polícia Federal

Presidente Jair Bolsonaro. Foto: PR
Apoie Siga-nos no

A Advocacia Geral da União (AGU) entregou, nesta quinta-feira 14, trechos transcritos da reunião ministerial do dia 22 de abril ao Supremo Tribunal federal. Os trechos mostram que, ao contrário do que vem afirmando o presidente, ele cita o nome da Polícia Federal durante o encontro, ao se queixar de “não poder viver sem informação”.

“Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho a inteligência das Forças Armadas que não tem informações; a ABIN tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparelhamento etc. A gente não pode viver sem informação”, declarou, em um dos trechos destacados.

Após a queixa, Bolsonaro afirma: “E me desculpe o serviço de informação nosso – todos – é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado, e não dá para trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final.”

A entrega das falas também mostra o momento em que o presidente fala sobre a preocupação de proteger sua família. “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança da ponta de linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse.

A AGU argumenta que Bolsonaro se referia à segurança pessoal dele e de familiares durante a reunião, sem relação direta ou indireta à chefia da Polícia Federal. Ainda de acordo com a defesa do órgão, seria “literal e objetivamente equivocado” interpretar a fala do presidente se queixando de não ter informações dos órgãos do governo como uma tentativa de obter informações sigilosas de investigações da Polícia Federal.

O relator do inquérito, o ministro Celso de Mello, deverá decidir se dá publicidade ao vídeo com o registro da reunião ministerial ou se o mantem em sigilo. Em live realizada em suas redes sociais nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que espera que o ministro tenha sensibilidade e não divulgue o vídeo na íntegra.

“Espero que o vídeo na íntegra não seja liberado. Tem questões de Estado, segurança nacional, e coisa pessoal, se falou em economia, não é o caso de estar nesse assunto”, declarou.

“São dois trechos de 30 segundos que interessam ao processo. Mas, da minha parte, eu autorizo divulgar os 20 minutos, até para ver dentro de um contexto. O restante a gente vai brigar, a gente espera que haja sensibilidade do relator, que é uma reunião reservada nossa. A gente espera que ele acolha isso”, completou.

Ainda de acordo com o presidente, a AGU deve encaminhar uma petição ao relator do caso para que ele acolha o pedido.

Veja os trechos completos:

“Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forças Armadas que não têm informações; a Abin tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparelhamento, etc. A gente não pode viver sem informação. Quem é que nunca ficou atrás da… da… da… porta ouvindo o que o seu filho ou a sua filha tá comentando? Tem que ver pra depois… depois que ela engravida não adianta falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque enchou os cornos de droga, não adianta mais falar com ele: já era. E informação é assim. [referências a Nações amigas]. Então essa é a preocupação que temos que ter: “a questão estatégica”. E não estamos tendo. E me desculpe o serviço de informação nosso – todos – é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado, e não dá pra trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade.”

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar, se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo