Política
Bolsonaro e Flávio viram sócios em empresa de exploração de grafeno, uma das obsessões do ex-capitão
Material faz parte do dicionário da família desde antes da chegada de Bolsonaro à presidência
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o filho dele, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), passaram a ser sócios de uma empresa de exploração de grafeno. Uma das obsessões do léxico bolsonarista, o material sintético composto de átomos de carbono pode ter várias aplicações tecnológicas, segundo estudos.
A empresa Bravo Grafeno Tecnologia e Informação LTDA, registrada na Junta Comercial do Distrito Federal no último dia 11 de junho, tem outros três sócios: um assessor parlamentar de Flávio; um ex-candidato a deputado distrital; e um empresário armamentista – em tese, o material pode ser usado também na indústria bélica.
Como Flávio não será o administrador da empresa, segundo os registros, não há impedimento legal na participação societária. Vale lembrar que, usando do mesmo artifício legal, ele já teve participação, por exemplo, em lojas de chocolate. Esse empreendimento está no centro do suposto esquema de rachadinha no gabinete do senador.
Sobre o novo empreendimento ao lado do pai, Flávio alegou ter iniciado a empresa por ‘acreditar’ no potencial do grafeno:
“Jair Bolsonaro é uma espécie de embaixador do grafeno, pois foi pioneiro em dar visibilidade para os benefícios singulares desse mineral abundante no Brasil e sempre acreditou na capacidade dos pesquisadores brasileiros nesse segmento. Por acreditar no potencial do grafeno, está entusiasmado em fazer parte da empresa, o que muito nos honra”, disse o senador ao site O Antagonista, que revelou a existência da sociedade.
Como a mensagem de Flávio deixa claro, o interesse do bolsonarismo pelo grafeno não é novo: vem desde antes de Jair chegar ao Palácio do Planalto. Ainda como deputado, ele falava sobre o material como o “futuro” da tecnologia – por exemplo, no desenvolvimento de baterias menores e mais eficientes. O assunto também foi explorado na campanha que o levou à presidência.
Ao assumir a cadeira mais importante do País, Bolsonaro tratou de tentar dar início às pesquisas sobre o material, chegando a criar o Programa de Inovação em Grafeno (InovaGrafeno), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Conforme mostrou CartaCapital, no entanto, houve pouco avanço nas pesquisas.
A obsessão de Bolsonaro com o tema foi manifestada em diferentes ocasiões. Em 2023, depois de ter deixado a presidência, ele chegou a dizer que o material fazia parte da composição de vacinas contra a covid-19, em mais uma das acusações sem fundamento contra os imunizantes. Mais tarde, reconheceu que se tratava de fake news e pediu desculpas.
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