Bolsonaro é citado no caso Marielle e responde atacando Globo e Witzel

Suspeitos de matar a vereadora estiveram no condomínio de Bolsonaro horas antes do crime; O caso pode ir ao STF por citar o presidente

Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)

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As investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, mortos em março de 2018, chegaram até o nome do presidente Jair Bolsonaro. Segundo uma matéria divulgada nesta terça-feira 29 pela TV Globo, os acusados de terem cometido o crime estiveram no condomínio de Bolsonaro horas antes do homicídio.

O porteiro do local contou à polícia que Élcio de Queiroz, um dos suspeitos da morte de Marielle e Anderson, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro. O funcionário disse ainda que quando interfonou para casa do presidente, o “Seu Jair” liberou a entrada do suspeito.

O carro acabou não indo para casa de Bolsonaro e foi para a residência de Ronnie Lessa, o outro acusado de ter assassinado Marielle e Anderson. Lessa morava até então no mesmo condomínio do presidente.  O porteiro disse que acompanhou a movimentação do carro pelas câmeras e interfonou novamente para a casa de Bolsonaro. Segundo o funcionário o homem identificado por ele como “Seu Jair” teria dito que sabia para onde Élcio estava indo.

No dia 14 de março, entretanto, Jair Bolsonaro estava em Brasília na Câmara dos Deputados. Seu registro foi inscrito em sessões que aconteceram no período da manhã e da tarde naquele dia. Em suas redes sociais, o então deputado também postou vídeo com admiradores na parte de fora de seu gabinete.

Os investigadores estão recuperando os arquivos de áudio do interfone do condomínio para saber com quem, de fato, o porteiro conversou naquele dia e quem estava na casa de Jair Bolsonaro.


Caso pode ir ao STF

Como as investigações chegaram até o presidente da república, o caso agora pode ser assumido pelo Supremo Tribunal Federal, como determina a Constituição. Representantes do Ministério Público do Rio foram até Brasília em 17 de outubro para fazer uma consulta ao presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Dias Toffoli.

Eles questionaram se podem continuar a investigação depois que apareceu o nome do presidente Jair Bolsonaro. Dias Toffoli ainda não respondeu.

O advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, contestou o depoimento do porteiro e afirmou que seria uma tentativa de atacar a imagem do presidente.

Bolsonaro responde atacando Globo e Witzel

Após ficar sabendo da reportagem, que foi ao ar no Jornal Nacional às 21 horas, o presidente Jair Bolsonaro fez uma live em suas redes sociais. Direto da Arábia Saudita, o pesselista negou envolvimento no assassinato da vereadora,  chamou o governador do Rio de Janeiro de “inimigo” e ameaçou a não renovação da concessão da emissora de televisão em 2022.

“Acabei de ver aqui na ficha que o senhor [Witzel] teria vazado esse processo que está em segredo de Justiça para a Globo. O senhor só se elegeu governador porque o senhor ficou o tempo todo colado no Flávio Bolsonaro, meu filho”, disse o presidente.

Bolsonaro disse ainda que o processo de investigação da morte da vereadora está “bichado” e ressaltou que uma solução seria que, a partir de agora, ele fosse supervisionado pelo Conselho Superior do Ministério Público.

“Deixa muito claro que algo muito errado está neste processo. Eu gostaria de falar muito neste processo, conversar com esses delegados. Colocar em pratos limpos o que está acontecendo em meu nome. Por que querem me destruir? Por que essa sede pelo poder, senhor Witzel?”, questionou.

O PSOL afirmou que tentará audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, nesta quarta (30) para tratar do caso.

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