Política

Bolsonaro diz ter ‘febre e gripe’ no dia da reunião com embaixadores sobre ataques à eleição

Os representantes de seus principais alvos – o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal – recusaram os convites

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores, nesta segunda-feira 18, ter apresentado sintomas de gripe, o que lhe teria impedido de dormir à noite.

No cercadinho do Palácio da Alvorada, o ex-capitão apresentou rouquidão e aparência cansada. Ele, porém, insistiu em sua postura negacionista e não usou máscara, tampouco sinalizou ter passado por um teste para detecção de Covid-19.

“Não dormi a noite toda, com febre, gripe”, afirmou Bolsonaro a sua plateia. Nesta segunda, mesmo após se declarar doente, ele dará mais um passo em sua empreitada para tumultuar as eleições de outubro, ao reunir embaixadores a fim de atacar o sistema eletrônico e a Justiça Eleitoral.

O plano, no entanto, falhou antes da cerimônia, já que os representantes de seus principais alvos – o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal – recusaram os convites.

Edson Fachin, presidente do TSE, respondeu que o “dever de imparcialidade” o impediria de comparecer. Demonstrou, assim, que a reunião proposta por Bolsonaro não passa de um ato de campanha.

Luiz Fux, presidente do STF, recorreu à agenda para rejeitar o chamado. O ministro, que assume nesta segunda o plantão da Corte, não está em Brasília.

Também não marcarão presença a presidente do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes, e o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins. Dos tribunais superiores, só o TST, com Emmanoel Pereira, sinalizou desejo de participar.

Além disso, o quórum projetado inicialmente, de 50 embaixadores, não deve ser atingido.

Aos embaixadores, Bolsonaro sinaliza a disposição de repetir ataques infundados às urnas eletrônicas e ameaças à realização das eleições, diante da liderança do ex-presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto.

Muito antes de entrar em seu último ano de mandato, o presidente declarou guerra ao sistema eletrônico de votação, sem jamais demonstrar qualquer evidência de irregularidade.

Como sustentáculo das insinuações de ruptura institucional, ele apresenta sua ligação com as Forças Armadas. De fato, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, tem reverberado na Comissão de Transparência das Eleições a teoria conspiratória de Bolsonaro.

Na semana passada, durante uma audiência no Senado, Nogueira e o coronel Marcelo Nogueira de Souza chegaram a sugerir uma espécie de votação paralela em outubro, com uma segunda urna e cédulas de papel. Na sessão, Souza reconheceu avanços “incríveis” do TSE contra “ameaças externas”, mas disse que as Forças Armadas não têm a mesma convicção sobre “uma ameaça interna”.

Em 2021, Bolsonaro usou as fake news sobre as urnas para tentar emparedar o Congresso Nacional e aprovar a PEC do Voto Impresso, mas perdeu. Em julho do ano passado, chegou a promover uma live nas redes para, supostamente, provar a ocorrência de fraudes em eleições passadas, mas nada demonstrou. De quebra, as mentiras lhe valeram a inclusão, como investigado, no Inquérito das Fake News.

Em maio deste ano, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou que sejam feitas em conjunto as apurações sobre os ataques de Bolsonaro às urnas na live e sobre a atuação de uma milícia digital contra a democracia.

No TSE, Bolsonaro virou alvo de um inquérito administrativo aberto para apurar possível abuso de poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação social, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos e propaganda antecipada, em relação aos ataques contra o sistema eletrônico de votação e à legitimidade das eleições de 2022. O caso é tocado pelo corregedor-geral do TSE, ministro Mauro Campbell Marques.

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