Política

Bolsonaro diz querer debate com Lula em 2022, mas impõe ‘condições’ e ensaia recuo

Há três anos, o ex-capitão evitou o confronto direto no 2º turno para chegar ao Planalto; agora, o cenário é diferente

Debate na TV Band em 2018. Foto: Nelson Almeida/AFP
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“Quero participar de debates. Agora…” O presidente Jair Bolsonaro decidiu abordar nos últimos dias um dos temas mais espinhosos de sua campanha à reeleição em 2022: o encontro, frente a frente, com seus adversários, em emissoras de TV e rádio.

Em 2018, o ex-capitão abdicou de participar dos debates no 2º turno. A justificativa utilizada foi a recuperação da facada que sofreu em 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG), embora tenha recebido alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em 29 de setembro, antes do 1º turno.

“Segundo fui informado, tenho restrições. Eu poderia me submeter a uma aventura de participar de um debate, de duas ou três horas, mas poderia ter uma consequência péssima para minha saúde. Então, levando-se em conta a restrição, levando-se em conta a minha saúde e a gravidade do que ocorreu, a tendência minha é não participar do debate”, disse Bolsonaro à TV Globo em 18 de outubro de 2018 – entre o 1º e o 2º turnos – ao recusar o convite para um debate.

A estratégia de evitar o confronto direto com Fernando Haddad (PT) deu certo e Bolsonaro recebeu no 2º turno 57,8 milhões de votos, ante 47 milhões do professor e ex-prefeito de São Paulo.

À época, o então candidato do PSL nadava de braçada nas pesquisas. Em 10 de outubro de 2018, dois dias após o 1º turno, levantamento Datafolha projetou Bolsonaro com 58% dos votos válidos no 2º turno, ante 42% de Haddad. Em 23 de outubro, seis dias antes do 2º turno, o cenário se mantinha. Pesquisa Ibope apontava Bolsonaro com 57% dos votos válidos, contra 43% de Haddad.

Comparecer aos debates em 2018, portanto, teria potencial de prejudicar a campanha do candidato de extrema-direita e pouco poderia ajudá-la. Para 2022, entretanto, o cenário se anuncia com características distintas, e Bolsonaro, ao menos da boca para fora, se dispõe a participar de debates, em especial contra Lula (PT), que lidera as pesquisas.

“Eu não estou preocupado com isso [Lula]. Se me preocupar com isso, não durmo. A gente vai para debate? Vai. Quero debater com Lula, sem problema nenhum”, disse o ex-capitão, em 23 de novembro, em entrevista ao Portal Correio, da Paraíba.

Dias antes, ao apresentador Ernesto Lacombe, da RedeTV, o presidente declarou que pretende compor os debates, mas impôs condições e indicou que não está fora de cogitação repetir o modus operandi de três anos atrás.

“Não pude participar na última, porque estava convalescendo. Da minha parte, não vai ter guerra. Eu tenho quatro anos de mandato, para mostrar o que fiz. Agora, não posso aceitar provocação, coisas pessoais. Aí você foge da finalidade de um bom debate”, afirmou. “É para falar do meu mandato. Até a minha vida particular fique à vontade, mas que não entrem em coisas de família, amigos, algo que não vai levar a lugar nenhum.”

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