Política

Bolsonaro diz que está disposto a ouvir ONGs e indígenas sobre desmatamento

Presidente enviou uma carta a Joe Biden em que promete acabar com desmatamento ilegal até 2030

Os presidentes Joe Biden e Jair Bolsonaro. Fotos: Angela Weiss/AFP e Marcos Correa/PR
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Em uma mudança de postura sobre a pauta do meio ambiente, o presidente Jair Bolsonaro enviou na quarta-feira 14 uma carta ao presidente dos EUA, Joe Biden, em que se compromete a acabar com o desmatamento ilegal no País.

“Queremos reafirmar, nesse ato, em inequívoco apoio aos esforços empreendidos por V. Excelência, o nosso compromisso de eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030”, escreveu Bolsonaro.

No próximo dia 22, os Estados Unidos realizam uma Cúpula de Líderes sobre a questão climática – uma das principais bandeiras de Biden e até agora uma fonte de atrito com o presidente brasileiro.

Bolsonaro sempre atacou ONGs e indígenas, inclusive culpando-os sobre os incêndios que devastaram a Amazônia em 2019. Na carta, no entanto, o presidente disse estar disposto ao diálogo.

“Queremos ouvir as entidades do terceiro setor, indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que estejam dispostos a contribuir para um debate construtivo e realmente comprometido com a solução dos problemas.

Ao contrário do negacionismo antes praticado pelo governo, Bolsonaro reconheceu ainda que o País enfrenta o aumento das taxas de desmatamento na Amazônia, mas disse que a tendência ocorre desde 2012 —​no governo Dilma Rousseff.

“Reitero o compromisso do Brasil e do meu governo com os esforços internacionais de proteção do meio ambiente, combate à mudança do clima e promoção do desenvolvimento sustentável. Teremos enorme satisfação em trabalhar com V. Excelência em todos esses objetivos comuns”, afirmou Bolsonaro no documento.

Interesse nas sobras das vacinas 

Os EUA estão avançados no plano de vacinação. Até final de maio, há uma expectativa de que todos os americanos estejam imunizados.

Com isso, sobrará doses que poderão ser doadas para outras nações. A carta de Bolsonaro a Biden é entendida por especialistas da área como uma tentativa de garantir para o Brasil essas doses que sobrarão nos EUA.

Bolsonaro foi um dos únicos presidentes do mundo que declarou apoio a Donald Trump, derrotado em 2020 por Biden. Após o resultado, o Brasil foi um dos últimos países a reconhecer a vitória do democrata.

Essa relação distante era uma marca registrada da gestão do ex-chanceler Ernesto Araújo, discípulo de Olavo de Carvalho, que tinha Trump como inspiração. Essa nova postura diplomática, ao que tudo indica, é uma pressão do Congresso e do novo ministro das Relações Exteriores, Carlos França.

Ajuda financeira 

Bolsonaro mantém sua posição de que precisa de ajuda financeira para combater o desmatamento, mas não chega a atribuir um valor específico.

“Ao sublinhar a ambição das metas que assumimos, vejo-me na contingência de salientar, uma vez mais, a necessidade de obter o adequado apoio da comunidade internacional, na escala, volume e velocidade compatíveis com a magnitude e a urgência dos desafios a serem enfrentados”, disse.

“Inspira-nos a crença de que o Brasil merece ser justamente remunerado pelos serviços ambientais que seus cidadãos têm prestado ao planeta”.

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