Em comício realizado na sede da Igreja Mundial do Poder de Deus, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) atribuiu decreto editado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que cria o programa de combate a desigualdade de gênero, com uma suposta “tentativa de destruição da família”.
Em discurso homofóbico, o ex-capitão disse que o documento busca a desconstrução da heteronormatividade.
O termo citado pelo presidente aparece no texto do decreto no objetivo estratégico V, que prevê a garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero.
Bolsonaro distorce os objetivos do programa para encaixar na narrativa de que a esquerda visa acabar com a família e instituir uma “ditadura gay” no País, com o que costuma chamar de “ideologia de gênero”.
“O outro lado perverte as nossas crianças. Não tem respeito com as criancinhas. Isso está no decreto de 2009. Quem era o presidente em 2009? Acho que todo mundo sabe quem era”, afirmou hoje.
Apesar de criticar o decreto desde sua campanha à Presidência em 2017, Bolsonaro nunca realizou nenhuma alteração no texto da medida.
O ex-capitão também voltou a repetir a falsa alegação de que, caso Lula seja eleito no próximo domingo 30, promoverá um fechamento de igrejas e a descriminalização de drogas.
No evento, Bolsonaro foi elogiado por Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial, que afirmou que sua missão é levar o rebanho ao “pasto verdejante” e apontou qualidades no atual presidente.
Valdemiro foi condenado pela Justiça pelo menos 15 vezes em menos de um mês. Os processos são referentes a cobranças de aluguéis não pagos de imóveis arrendados para servir como templo, casas de pastores e estacionamentos. Os valores devidos ultrapassam 2,5 milhões de reais.
Em 2021, o religioso foi acusado de ter retido para si cerca de 1,2 milhões de reais da Igreja.
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