Política

Bolsonaro determina que Ministério só divulgue até mil mortes diárias por covid-19

Para atender a exigência, a pasta passou a separar os óbitos ocorridos nas últimas 24 horas das mortes de datas anteriores

O presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Marcos Corrêa/PR
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A mudança na divulgação dos dados de coronavírus feita pelo ministério da Saúde no domingo 7 tem a ver com um pedido expresso do presidente Jair Bolsonaro: de fazer com que o número de mortes por coronavírus fique abaixo de mil por dia. A informação é trazida em reportagem do Estado de S. Paulo.

A estratégia do Palácio do Planalto, segundo a apuração, é uma tentativa de demonstrar que não há uma escalada da doença fora de controle e, ao mesmo tempo, apontar que há um exagero da imprensa.

No sábado 6, o site oficial dos dados de coronavírus no País ficou fora do ar. Quando retomado o acesso, a plataforma tinha passado a ocultar o número total de mortos no País e o número total de casos. Até o momento, são mostrados apenas os casos de mortes, casos e recuperados no período de 24 horas.

O Ministério Público Federal instaurou procedimento extrajudicial para apurar porque o Ministério da Saúde mudou a forma de divulgação dos dados do novo coronavírus no Brasil. O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, tem 72 horas para explicar essa mudança no informativo diário.

Já no domingo 7, o ministério da Saúde apresentou dados divergentes em relação à pandemia em dois levantamentos diferentes. O primeiro balanço enviado por Whatsapp por volta das 20h30 do domingo informava, em uma captura de tela de um gráfico nacional, que o Brasil totalizava 37.312 óbitos de Covid-19, com 1.382 mortes a mais com relação ao sábado.

No entanto, ao atualizar os dados em sua plataforma oficial, a pasta contabilizou aumento de 525 mortes nas últimas 24 horas – 857 mortes a menos do que o primeiro informativo da pasta.

Também houve divergência entre o número de novos casos confirmados. Enquanto o primeiro informe notificava 12.581 novos casos nas últimas 24 horas, o segundo trouxe 18.912.

Para atender ao pedido de Bolsonaro e deixar o número de mortes abaixo de mil, a pasta operou a seguinte mudança em seu levantamento: passou a separar os óbitos ocorridos nas últimas 24 horas das mortes de datas anteriores, mas que só foram confirmadas naquele período. Até a semana passada, o Ministério da Saúde somava todas as mortes confirmadas em um mesmo dia, independentemente de quando ela havia ocorrido.

O Brasil superou o número de mil mortes diárias pela primeira vez em 19 de maio. No dia 3 de junho, o país chegou a notificar 1349 mortes em 24 horas, dia em que a pasta atrasou a divulgação dos dados. No dia seguinte, novo recorde, 1473 óbitos em 24 horas e novo atraso nos dados, justificado por problema técnicos.

Nesta segunda-feira 8, o ministério da Saúde confirmou que as 525 novas mortes divulgadas no domingo é que estão corretas e alegou que houve necessidade de correção devido a dados problemáticos vindos dos Estados. Em nota, a pasta diz que os técnicos corrigiram “duplicações” e atualizaram os dados divulgados.

“Em especial, podem ser citadas a situação de Roraima, em que haviam sido publicados 762 óbitos e, após verificação do Ministério da Saúde, o número foi consolidado em 142”, informou.

No mesmo texto, o ministério informa um número total de mortes de 36.455 e 691.758 novos casos.

Os números diferem do que anuncia a plataforma Dados Transparentes, que traz as informações com base em dados das secretarias de Saúde do País. Segundo atualização feira nesta segunda-feira, o País soma 36.887 óbitos e 701.711 novos casos.

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