Política

Bolsonaro critica desfile da Mangueira: “desacatou religiões”

Enredo ‘A verdade voz fará livre’ em tom político e repleto de críticas sociais mostrou Jesus de uma maneira nada convencional

O presidente Jair Bolsonaro durante caminhada pela orla da Praia Grande (Foto: Reprodução)
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O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira 25, diretamente das águas da Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, que o enredo da Mangueira no carnaval 2020 desacatou religiões. Bolsonaro criticou a capa da Folha de S.Paulo – o jornal usou uma foto da comissão de frente da Mangueira dizendo que a escola usou imagens de Jesus para criticar o presidente.

“A Folha de S. Paulo hoje foi buscar uma imagem do carnaval do Rio, uma imagem de uma escola desacatando as religiões, Cristo levando uma batida de policial, faz uma vinculação comigo, foram buscar uma imagem do Rio para me atingir”, disse o ex-capitão.

O comentário foi feito durante uma caminhada pela orla da praia, transmitida ao vivo pelo Facebook. Bolsonaro passou o feriado do carnaval no Gaurujá e nesta terça-feira 25 visitou a vizinha Praia Grande. Atendeu apoiadores e foi chamado de “mito”.

Campeã do carnaval carioca em 2019, a Mangueira levou para a avenida mais um enredo repleto de críticas sociais. Na primeira noite de apresentações do Grupo Especial, fez o desfile com mais elementos de crítica social e política. Com o samba enredo “A verdade vos fará livre”, a agremiação usou a trajetória de Jesus Cristo para apresentar na Sapucaí alguns elementos atuais da sociedade brasileira, incluindo uma crítica direta a Jair Bolsonaro e suas políticas.

A letra do samba menciona que “não tem futuro sem partilha, nem Messias de arma na mão”, em referência a políticas armamentistas do presidente Jair Messias Bolsonaro.

A letra do samba, assinado por Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo, tem versos fortes: “Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher / Moleque pelintra do buraco quente / Meu nome é Jesus da gente… Favela, pega a visão / Não tem futuro sem partilha / Nem Messias de arma na mão”.

A rainha da bateria, Evelyn Bastos, representou Jesus como mulher e não sambou. E a comissão de frente mostrou um Jesus pobre que leva batida da polícia e com apóstolos negros. A escola também veio com a ala “Bandido Bom é Bandido Morto”, retratando que a violência costuma vitimar jovens pobres e negros no Brasil. O carro alegórico “O Calvário” trouxe a imagem de um jovem negro com os cabelos tingidos de loiro, baleado e crucificado, numa crítica contundente da escola ao racismo e à violência contra os negros.

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