Para parabenizar o Dia Internacional da Mulher, nesta sexta-feira 8, o presidente Jair Bolsonaro fez uma postagem em seu Twitter dizendo que fará de tudo para “estas joias raras” se sentirem representadas em seu governo.
Junto com a mensagem, o presidente postou um vídeo da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, falando sobre dados de violência contra as mulheres no Brasil e defendendo o ensino domiciliar. Nem a ministra, nem o presidente explicaram o que essa pauta tem a ver com o Dia das Mulher. “O ensino domiciliar é um apelo da família brasileira”, afirmou Damares.
Qualquer celebração deve vir acompanhada de propostas e que respeitemos o feeling da mulher. Infelizmente não depende só de mim para que muitas das pautas já conhecidas avancem. De tudo faremos que estas jóias raras ao fim dos próximos 4 anos possam se sentir mais representadas. pic.twitter.com/DeebaAKHBU
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 8 de março de 2019
Por mais que o presidente defenda a representatividade feminina neste dia, o seu governo está bem longe dessa realidade. Dos 22 ministérios estruturados por Bolsonaro, apenas 2 são liderados por mulheres – Mulher, Família e Direitos Humanos, por Damares Alves, e Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com Tereza Cristina.
Reforma da Previdência
Nesses quase 70 dias em que está no poder, Bolsonaro coleciona polêmicas – de escândalo de corrupção a vídeo obsceno postado em suas redes sociais. Outras partes controversas do seu governo foram os projetos que o presidente enviou para os Congresso, quase todas ameaçando o direito das mulheres.
A proposta de Reforma de Previdência, se aprovada, irá retirar direitos e aprofundar a desigualdade entre homens e mulheres. A ideia do governo é elevar a idade mínima da aposentadoria das mulheres para 62 anos, além de estipular 20 anos como tempo mínimo de contribuição, igual para homens e mulheres.
A ideia ignora o fato de as mulheres ainda cumprirem tripla jornada de trabalho, acumulando o serviço doméstico e de cuidados. A transição para um sistema de capitalização privada, em que o cálculo da aposentadoria é feito com base nos salários recebidos, e não em valores fixos, também afetará especialmente as mulheres, levando em conta que elas ainda recebem os menores salários, em especial as mulheres negras.
Posse de armas
A flexibilização no Estatuto do Desarmamento, que estabelece as regras da posse de armas, já sancionada e que pode avançar ainda mais, segundo o próprio ministro da Justiça, Sérgio Moro, é como um agravante às já altas taxas de feminicídio.
Segundo recente levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 80% das agressões contra mulheres são praticadas por alguém próximo, como marido, namorado, pai, ex-companheiro ou até vizinho. E 40% dos casos aconteceram no interior da própria casa.
Especialistas afirmam que a letalidade dessas agressões aumentará com mais armas dentro de casa.
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