Política

Bolsonaro admite ter discutido com militares formas de se manter no poder após perder eleição de 2022

O ex-presidente afirmou considerar ‘normal’ o teor da reunião com os ex-comandantes das Forças Armadas. Episódio é um dos citados na ação penal contra Bolsonaro no STF

Bolsonaro admite ter discutido com militares formas de se manter no poder após perder eleição de 2022
Bolsonaro admite ter discutido com militares formas de se manter no poder após perder eleição de 2022
Jair Bolsonaro, na Academia Militar das Agulhas Negras, em 2019. Foto: Marcos Corrêa/PR
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu nesta quarta-feira 14 que conversou com os então comandantes das Forças Armadas sobre estado de sítio e estado de defesa após perder as eleições de 2022 para Lula (PT). O ex-capitão deu a declaração em entrevista aos jornalistas Carla Araújo e Josias de Souza, do site UOL.

A conversa, conforme descreveu Bolsonaro, teria ocorrido depois que o Tribunal Superior Eleitoral rejeitou os recursos do Partido Liberal contra a invalidação de parte dos votos do segundo turno daquele ano. À época, o TSE também manteve multa de 22,9 milhões de reais à sigla.

Quando ocorreu a rejeição dos recursos, em dezembro de 2022, Bolsonaro disse que foi “conversar com as pessoas de confiança mais próximas” e que questionou os militares sobre possibilidades de se manter no poder “dentro das quatro linhas da Constituição”.

“Aí está a resposta do comandante Freire Gomes [de possibilidade de estado de defesa e de sítio]. O que foi discutido, hipóteses de dispositivos condicionais. Algum problema nisso? […] Não foi anormal discutir essa possibilidade. É um remédio constitucional”, disse o ex-presidente. 

Na ocasião, segundo relatório da Polícia Federal, Bolsonaro esteve com Freire Gomes (Exército), Baptista Júnior (Aeronáutica) e Almir Garnier (Marinha) no Palácio da Alvorada – segundo a investigação, somente o último topou o plano de golpe.

“O que ele [Garnier] falava, de vez em quando, era ‘dentro das quatro linhas, estou junto’. Por causa disso, ele estaria favorável a um ato antidemocrático? Outra coisa, você discutir hipótese de dispositivos constitucionais e isso é antidemocrático? Eu acredito que é antidemocrático porque o TSE fez comigo”, disse Bolsonaro.

O ex-presidente ainda comparou sua situação com a da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que, segundo ele, também estudou decretar estado de sítio em 2016, quando sofreu impeachment. 

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