Política
Bolsonaristas protocolam pedido de CPI na Câmara para ‘investigar’ institutos de pesquisa
Caberá ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidir se há fato determinado para instalar a comissão
Os deputados bolsonaristas Carlos Jordy (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) protocolaram nesta sexta-feira 21 um requerimento de instalação de uma CPI para, supostamente, investigar eventual uso político dos institutos de pesquisa durante as eleições. O objetivo é apurar todos os levantamentos de intenção de voto desde 2014.
O documento conta com a assinatura de 179 deputados, oito a mais que o necessário para pedir a instalação. Assinam o pedido parlamentares de Novo, MDB, PP, PL, Republicanos, PSDB e PDT. Caberá ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidir se há fato determinado para instalar a comissão. Ele já disse publicamente que abriria a investigação após o recolhimento das assinaturas necessárias e a análise do objeto.
“O que percebemos é que transborda as raias do erro grosseiro e gera suspeições, mormente quando há histórico de compra de resultado de pesquisas (…) e o erro invariavelmente é em favor de uma claque política”, alega o requerimento.
A expectativa, segundo Jordy afirmou a CartaCapital, é que a comissão seja instalada na semana que vem. “Não existe nenhuma perseguição [aos institutos de pesquisa]. Queremos somente que o processo eleitoral possa correr da forma natural, sem interferência de institutos.”
O pedido de abertura da CPI é mais um movimento capitaneado por aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) após o resultado do primeiro turno. Na terça-feira 18, a Câmara aprovou, por 295 votos contra 120, a urgência de um projeto de lei que, na prática, pode criminalizar institutos de pesquisa. Por falta de consenso entre os partidos, o texto ainda não foi levado ao plenário.
Na semana passada, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica e a Polícia Federal determinaram investigações contra os institutos. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, porém, barrou a instauração dos inquéritos. Segundo o magistrado, os órgãos não têm competência legal para executar os procedimentos, baseados, “unicamente, em presunções relacionadas à desconformidade dos resultados das urnas”.
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