Política

Bolsonaristas fazem atos antidemocráticos em pelo menos 8 capitais e em Brasília

Após da mais de duas semanas do resultado da eleição, manifestantes saem de casa no feriado e ocupam portas de quartéis com “apelo” às Forças Armadas

Em Brasília, a forte chuva atrapalhou os atos. Foto: Sergio Lima / AFP
Apoie Siga-nos no

Dezesseis dias após o fim da eleição, que definiu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) novo presidente, grupos bolsonaristas se reúnem voltaram a se reunir em frente a quartéis e áreas militares pelo país para protestar contra o resultado. Em maior e menor escala, os atos antidemocráticos são realizados neste feriado em pelo menos oito capitais brasileiras, no Distrito Federal, e cidades como Vila Velha (ES), Ribeirão Preto (SP), Joinville (SC) e Dourados (MS).

Nos atos, o verde e amarelo são as cores predominantes, e os bolsonaristas cantam o hino nacional e fazem apelo para que as Forças Armadas “salvem o Brasil”, sob o discurso de que houve fraude nas urnas. A alegação, no entanto, contraria relatórios do Ministério da Defesa, do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Ordem dos Advogados (OAB) que afirmam não terem encontrado qualquer indício de fraude nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral.

No Rio de Janeiro, os manifestantes se reúnem desde a manhã desta terça em frente ao Palácio Duque de Caxias, no centro da capital. O local recebe diariamente manifestantes antidemocráticos, no entanto, o feriado levou mais pessoas para a região. A Avenida Presidente Vargas chegou a ficar com o acesso fechado nos dois sentidos no início da tarde.

Em São Paulo, vídeos nas redes sociais mostram os manifestantes concentrados nas proximidades do Quartal General do Exército paulista, próximo ao parque Ibirapuera.

Em Brasília, os bolsonaristas estão concentrados em frente ao Quartel-General do Exército, a cerca de nove quilômetros de distância do Palácio do Planalto. Uma forte chuva no início da tarde dispersou os manifestantes da região. Ainda na capital federal, além do quartel, grupos saíram pela manhã em motociata.

Em cidades como Joinville (SC), caminhões chegaram a realizar uma carreata pela cidade, assim como em Dourados (MS). Em Belo Horizonte, a estrutura chegava a contar com um trio elétrico. Em Recife, carros de som também eram usados nos atos.

Nas redes sociais, bolsonaristas tentam levantar o tema aos assuntos mais comentados. A hashtag #Brasilnasruas chegou a figurar entre os trending topics no Twitter. Ainda nas redes, perfis de apoiadores do presidente publicam vídeos das manifestações pelo país. No entanto, foram encontrados vídeos com imagens das manifestações do último feriado, 2 de novembro, como se fossem de hoje.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou no semana passada que as polícias Civil, Militar e a Rodoviária Federal encaminhem à Corte informações sobre a identificação de todos os veículos que participaram de manifestações em frente aos quartéis das Forças Armadas e de líderes, organizadores ou financiadores dos “atos antidemocráticos”. Após reunião com Moraes, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Sarrubo, apontou indícios de “uma grande organização criminosa” por trás dos movimentos antidemocráticos.

— Na nossa visão há uma grande organização criminosa, com funções definidas, tem várias mensagens com números de Pix para que as pessoas possam abastecer financeiramente, e nós temos que definir quem está alimentando. Tudo isso está sendo objeto de investigação para derrubarmos essa organização criminosa — afirmou Sarrubo.

Como é praxe nos últimos atos, os manifestantes evitam fazer alguma associação a Bolsonaro. A falta de referências segue orientação disseminada em canais bolsonaristas, para não relacionar o presidente a pleitos antidemocráticos.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo