Bolso protegido

Ao menos 62 mil milionários não pagam Imposto de Renda sobre uma fábula trilionária. O Congresso é a grande aposta deles para deixar tudo como está

Rodrigo Pacheco e Arthur Lira atuam como zagueiros na defesa dos milionários – Imagem: Jefferson Rudy/Ag. Senado

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Guapimirim, a 70 quilômetros da capital Rio de Janeiro, tem um pico montanhoso de 1,6 mil metros famoso como cartão-postal e atração para os fãs de turismo de aventura, o “Dedo de Deus”. Imagine-se que todos os habitantes da cidade, 62 mil pessoas, tivessem sido tocados por alguma mão divina. No Brasil, há um clube de milionários do tamanho da população guapimiriense que poderia ser visto dessa maneira. Esses “escolhidos” têm 24 milhões de reais cada um, em média, aplicados em certos fundos e, sobre essa fortuna não pagaram Imposto de Renda enquanto ela se multiplicava. Via de regra, o patrimônio passa de pai para filho e segue intocado pelo “Leão”.

A bolada investida pelos 62 mil milionários soma 1,5 trilhão de reais. Divide-se entre o sol e o mar do Brasil, esse enorme paraíso fiscal para endinheirados, e umas paragens internacionais. Aqui há 500 bilhões pertencentes a 12 mil pessoas, segundo dados do Ministério da Fazenda. No exterior, 1 trilhão em nome de 50 mil CPFs, também conforme a Fazenda. A grana em solo nacional está em um tipo de investimento chamado de “fundos exclusivos”. É negócio para gente graúda, em geral restrito a uma família. Requer aportes mínimos em torno de 10 milhões. Os gestores encarregados de cuidar da grana cobram caro. A fortuna no exterior está em empresas conhecidas como ­offshores, e para estas funcionarem é mais simples, bastam um contador e um endereço.

Lula e Haddad também anunciaram uma política de valorização permanente do salário mínimo – Imagem: Joédson Alves/ABR

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3 comentários

PAULO SER noGIO CORDEIRO SANTOS 2 de setembro de 2023 05h19
Um dos princípios do Direito Tributário é o do Pecunia non Olet O dinheiro não tem cheiro quando o Estado deseja tributar atividades ilícitas. No caso desses congressistas que são eleitos por boa parte dos eleitores, estes mesmos políticos não os representam, eles estão a mercê daquele 1% dos muitos ricos ou deles mesmos. Agora comandados por Lira e Pacheco, fazem vista grossa às propostas do presidente Lula ou mesmo ao ministro Fernando Haddad que querem taxar o grande capital , o imposto de renda ao invés do consumo na segunda fase da reforma tributária. O Brasil continua uma República mista de Capitanias hereditárias, na verdade. Onde os muito ricos tem os seus representantes no legislativos com os votos dos trabalhadores que não representam jamais. E assim temos uma sociedade de classes e castas bem definidas pelos herdeiros e ricaços que tem preservado o seu patrimônio e sua renda intocável com seus capitães do mato no congresso nacional, além de castas em setores públicos que também são intocáveis com seus altos subsídios e soldos e a classe baixa, a plebe ou sans coulotes brasileiros só servem para votarem mesmo nesses tais representantes dos endinheirados e abastados proprietários dos trustes e offshoers.
Adair José Stancati de Carvalho 3 de setembro de 2023 21h17
Se é para deixar claro que a mp não vai passar no legislativo, era melhor não escrever nada. Se for para ajudar Haddad e Lula, digam algo positivo. Ou então não digam nada.
José Carlos Gama 4 de setembro de 2023 18h08
Eleições, pobres, milionários, congresso, deputados, senadores, políticos e imposto. São várias rochas no caminho a ser desfeitas até chegarmos no caminho que vai dar na casa da justiça, justiça essa, nada bem vista pelo congresso rico, poderoso que tem o poder financeiro de enganar o povo, que convenhamos contribui para o Status quo da mudança que nada muda - roupas novas cenas velhas.

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