Guapimirim, a 70 quilômetros da capital Rio de Janeiro, tem um pico montanhoso de 1,6 mil metros famoso como cartão-postal e atração para os fãs de turismo de aventura, o “Dedo de Deus”. Imagine-se que todos os habitantes da cidade, 62 mil pessoas, tivessem sido tocados por alguma mão divina. No Brasil, há um clube de milionários do tamanho da população guapimiriense que poderia ser visto dessa maneira. Esses “escolhidos” têm 24 milhões de reais cada um, em média, aplicados em certos fundos e, sobre essa fortuna não pagaram Imposto de Renda enquanto ela se multiplicava. Via de regra, o patrimônio passa de pai para filho e segue intocado pelo “Leão”.
A bolada investida pelos 62 mil milionários soma 1,5 trilhão de reais. Divide-se entre o sol e o mar do Brasil, esse enorme paraíso fiscal para endinheirados, e umas paragens internacionais. Aqui há 500 bilhões pertencentes a 12 mil pessoas, segundo dados do Ministério da Fazenda. No exterior, 1 trilhão em nome de 50 mil CPFs, também conforme a Fazenda. A grana em solo nacional está em um tipo de investimento chamado de “fundos exclusivos”. É negócio para gente graúda, em geral restrito a uma família. Requer aportes mínimos em torno de 10 milhões. Os gestores encarregados de cuidar da grana cobram caro. A fortuna no exterior está em empresas conhecidas como offshores, e para estas funcionarem é mais simples, bastam um contador e um endereço.
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