Bode expiatório

Acossado por evangélicos e antipetistas, o vereador curitibano Renato Freitas ruma ao cadafalso

O vereador tem pouco tempo para reverter o quadro - Imagem: Carlos Costa/Câmara Municipal de Curitiba

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O Conselho de Ética da Câmara de Vereadores de Curitiba aprovou no último dia 10 a proposta do relator Sidnei Toaldo, do Patriotas, que pede a cassação do mandato do colega Renato Freitas, do PT. O parlamentar, em seu primeiro mandato, é acusado de “invadir” a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito, no Largo da Ordem, no centro da capital, durante o protesto pela morte do congolês Moïse Kabagambe, ocorrida no Rio de Janeiro em janeiro deste ano. Foram cinco votos favoráveis à perda do mandato, um pelo arquivamento e outro pela suspensão por 90 dias. Márcio Barros, do PSD, integrante da comissão, pediu desligamento após ter sido surpreendido com o vazamento de um áudio no qual, por telefone, articulava a cassação. A defesa do vereador apresentou a contestação que agora será avaliada pela Comissão de Constituição e Justiça. Superada essa etapa, o processo segue para o plenário, que tem o prazo de três sessões para marcar a votação.

As principais alegações contra Freitas são perturbação da prática de culto religioso, entrada não autorizada de manifestantes e realização de ato político na igreja. O episódio aconteceu em 5 de fevereiro, quando um grupo protestava contra o racismo e o preconceito à porta do templo. O vereador alega que não liderava o ato, que a manifestação, pacífica, aconteceu após o encerramento da missa, e que o protesto na parte interna não foi premeditado. A arquidiocese de Curitiba, em nota oficial, afirmou que a movimentação contra o racismo é legitima, fundamenta-se no Evangelho e sempre encontrará o respaldo da religião. “Percebe-se na militância do vereador o anseio por justiça em favor daqueles que historicamente sofrem discriminação em nosso país. A causa é nobre e merece respeito.” Sugere ainda que qualquer medida disciplinadora seja proporcional ao incidente e “se evitem motivações politizadas e, inclusive, não se adote a punição máxima contida no Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Curitiba”. No processo, o relator reconhece que o ato foi “organizado por diversos movimentos sociais” e “que a celebração da missa havia encerrado quando da entrada dos manifestantes”.

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2 comentários

CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 20 de maio de 2022 11h58
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 20 de maio de 2022 11h58
Os sepulcros caiados de branco estão se manifestando, junto com os fariseus.

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