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Bloqueado no Telegram, Allan dos Santos zomba de Alexandre de Moraes

Santos é alvo de inquérito sob relatoria de Moraes, que investiga a participação do blogueiro em uma milícia digital

Bloqueado no Telegram, Allan dos Santos zomba de Alexandre de Moraes
Bloqueado no Telegram, Allan dos Santos zomba de Alexandre de Moraes
“Pede ajuda ao Pato Donald“, provoca o blogueiro bolsonarista - Imagem: Redes sociais
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Finalmente, o aplicativo Telegram acatou as determinações da Justiça brasileira e bloqueou, no sábado 26, três canais ligados ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido nos EUA. Por meses, a empresa de tecnologia fundada na Rússia e hoje com sede em ­Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, ignorou as decisões proferidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, bem como as tentativas de contato feitas por autoridades que atuam no combate à desinformação no Brasil.

Santos é alvo de inquérito sob relatoria de Moraes, que investiga a participação do blogueiro em uma milícia digital dedicada a promover ataques contra adversários políticos de Jair Bolsonaro e a organizar atos antidemocráticos, como a defesa do ­fechamento do Congresso e da Suprema Corte. Após o revés, o foragido ainda debochou do magistrado. “Alexandre de Moraes, está vendo isso aqui?”, perguntou em vídeo, ao apontar para os portões da Disney. “Não tem mistério, se você botar no Google, você consegue me encontrar. Você pode pedir para o Mickey, você pode pedir para a Minnie, você pode pedir para o Pateta, ou você pode pedir para o Pato Donald. É bem simples. Você vai lá, pede para eles e vem para cá. Beijos.”

Cangote em apuro

Em sua enésima folga no litoral do Guarujá, Jair Bolsonaro surpreendeu-se ao ouvir vaias e xingamentos durante um passeio de moto pela Baixada Santista, na segunda-feira 28. Acostumado a ser paparicado pela sua claque de aduladores, o ex-capitão ainda se viu em uma saia justa ao ser questionado, durante uma entrevista à rádio Jovem Pan, sobre os elevados gastos de sua recente viagem de férias a Santa Catarina. “Se foi 900 mil reais, vou pegar no cangote de alguém lá”, desconversou, como se desconhecesse o valor divulgado pela ­Secretaria–Geral da Presidência, em resposta a um pedido feito pelo jornal O Globo via Lei de Acesso à Informação.

Eleições/ Pavio curto no zap

Moro discute com líder dos caminhoneiros e é chamado de “mimado”

O ex-juiz não gostou de ser cobrado a apresentar propostas – Imagem: Marcelo Camargo/ABR

O ex-juiz Sergio Moro não parece preparado para receber cobranças nem mesmo de seus aliados. No sábado 26, o presidenciável do Podemos desentendeu-se com Wanderlei Alves, líder da greve dos caminhoneiros de 2018, que havia criado um grupo de WhatsApp em apoio à sua candidatura.

Passados alguns meses, Dedeco, como o caminhoneiro é conhecido, manifestou incômodo com o silêncio do candidato diante das reivindicações da categoria: “Já me sinto desanimado com o Moro, percebo que ele não tem coragem nem quer falar sobre a categoria. Parece que somos um bando de leprosos, até hoje não vi ele falar nada em favor de nossa classe”.

O presidenciável irritou-se com o tom da cobrança e escreveu uma desaforada resposta antes de abandonar o grupo. “Não vou fazer como Bolsonaro e Lula e prometer o que não é possível”, esquivou-se o ex-magistrado. “Se quiser promessas vazias, fique aí com quem quiser.”

Dedeco, que pretende se candidatar a deputado pelo mesmo partido de Moro, enfim caiu em si: “Você provou que não passa de um menino mimado, ex-juiz que se iludiu com a ganância de ser ministro do STF e aceitou ser ministro de um canalha que você sabia que não valia um centavo furado”.

Memória/ Cientista e brasileiro

Pinguelli Rosa era um defensor intransigente do País

Imagem: Rodrigo Cancela/CPFL Cultura

O notável físico e professor Luiz Pinguelli Rosa morreu na quinta-feira 3 no Rio de Janeiro, aos 80 anos, no Hospital São ­Lucas, após longa enfermidade. Pinguelli Rosa presidiu a Eletrobras no primeiro governo Lula e dirigiu por quatro mandatos o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós ­Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Coppe/UFRJ, do qual era professor emérito. Em nota, a ex-presidente Dilma Rousseff disse que ele foi um “visionário defensor da ciência e do País, um nacionalista que colocou o Brasil e os interesses do povo no centro de todo o seu trabalho intelectual e científico”. Ildo Sauer, professor titular de Energia da USP e ex-diretor da Petrobras, lamentou o falecimento. “O professor Pinguelli Rosa representa pessoalmente para mim uma grande inspiração, como meu co-orientador de mestrado, líder na formação de grandes educadores, profissionais cientistas no Brasil. Liderou a luta no campo da ciência e tecnologia, de modo particular no campo da energia, pela construção de um Brasil justo, humanitário, igualitário, pela capacidade de desenvolvimento autônomo, apropriação dos recursos naturais de maneira sustentável para a transformação social do País. O legado dele é imenso, só não é maior do que a tristeza que nos acomete pela perda.”

Segundo Sauer, “ele estava, apesar da ­doença, engajado profundamente na luta em defesa do petróleo, mas acima de tudo, nos dias recentes, mesmo enfermo, contra a privatização da Eletrobras. O exemplo que nos deixa é de uma extraordinária pessoa e figura humana, inspirador de uma geração enorme de cientistas e educadores, de um compromisso inabalável com o Brasil, especialmente com as lutas sociais”.

Pinguelli Rosa recebeu vários prêmios de instituições científicas, no Brasil e no exterior.

Vai, vai, não vou

A pressão da militância petista fez o senador Jaques Wagner hesitar, mas, no fim das contas, ele decidiu fortalecer a estratégia nacional de alianças ao centro defendida por Lula e confirmou que não será candidato ao governo da Bahia. Com cinco anos de mandato pela frente no Senado, o ex-governador continuará a ser um player decisivo mesmo se ceder ao também senador Otto Alencar, do PSD, a tarefa de evitar a vitória de ACM Neto em outubro. O problema é convencer a militância baiana, estado que o PT governa há 16 anos, de que o partido não estará entregando o governo de mão beijada.

Clima/ Futuro sombrio

Muitos impactos do aquecimento global já são irreversíveis, alerta o IPCC

Imagem: Renato Luiz Ferreira

Seis meses após publicar um relatório que acendeu o sinal amarelo da comunidade internacional e despertar preocupação em relação às emergências climáticas, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) divulgou um novo estudo, na segunda-feira 28, a indicar que muitos impactos do aquecimento global são irreversíveis e ultrapassam a capacidade de adaptação dos seres vivos. Segundo o documento, é possível que alguns lugares, ecossistemas e espécies deixem de existir por conta das alterações no clima. Reforçando o relatório de agosto de 2021, o novo estudo aponta as causas, impactos e soluções para conter a catástrofe ambiental em curso, confirmando que o aquecimento global afeta tanto os seres humanos quanto a natureza.

O documento do IPCC deixa claro que eventos climáticos como enchentes e secas estão ainda mais extremos, devido ao aquecimento global, comprometendo a vida de uma forma geral e ultrapassando a capacidade de adaptação. Na próxima década, mais 1 bilhão de habitantes de áreas costeiras correm risco de enfrentar desastres naturais por conta das mudanças climáticas. A Amazônia ocupa lugar de destaque no relatório. Segundo os pesquisadores, o bioma tem sido castigado com o aumento do desmatamento, queimadas, secas intensas, chuvas extremas, perda de biodiversidade e emissão de gás carbônico maior do que a capacidade de absorção.

Tragédia familiar

Um homem disparou uma arma de fogo e matou as três filhas, com idades entre 9 e 13 anos, em uma igreja na região de Sacramento, capital da Califórnia, nos EUA, na segunda-feira 28. Logo após o ataque, que resultou no assassinato de uma quarta vítima, ele cometeu suicídio. De acordo com a ABC News, a mãe das crianças tinha uma ordem de restrição contra o pai. A outra vítima era apenas uma pessoa encarregada de supervisionar a visita entre o homem e seus filhos. A mãe não estava na igreja na hora do crime.

Diplomacia/ O deboche do Taleban

Ao falar sobre a Ucrânia, o governo afegão constrange os EUA

Baradar é a personificação do fracaso das invasões americanas – Imagem: Redes sociais

No comando do Afeganistão há cinco meses, após a vexaminosa retirada das tropas norte-americanas, o grupo fundamentalista Taleban publicou um comunicado, na sexta-feira 25, pedindo “moderação” e “diálogo” por parte da Rússia e da Ucrânia, além de manifestar preocupação com a possibilidade de mortes de civis na guerra entre os dois países.

O governo afegão defende que os líderes da Rússia e da Ucrânia encontrem meios pacíficos para resolver a crise e diz que “todos os lados precisam desistir de adotar posições que possam intensificar a violência”. O Taleban assume-se como neutro no conflito e cobra uma solução diplomática por parte das nações em guerra. Um claro recado ao governo dos EUA, que invadiu o Afeganistão após os atentados de 11 de setembro de 2001 e mantiveram a ocupação militar por quase 20 anos.

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1198 DE CARTACAPITAL, EM 9 DE MARÇO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “A Semana”

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