Política
Autor do impeachment de Dilma anuncia apoio a Lula: ‘É fundamental salvaguardar o País’
A CartaCapital, Reale Júnior afirmou que os fatos a embasarem um impedimento de Bolsonaro ‘são muito mais graves’ que os registrados na queda da petista


O ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior anunciou, nesta quarta-feira 21, seu apoio ao ex-presidente Lula (PT) na eleição deste ano. O jurista foi um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT) e endossava a candidatura de Simone Tebet (MDB).
Em contato com CartaCapital, ele ressaltou que a emedebista teria “condições pessoais e intelectuais de ter um grande mandato, mas não prosperou”. Diante disso, ponderou, “é fundamental para a vida brasileira que se elimine o mais rapidamente possível os riscos que se corre com a candidatura do Bolsonaro”.
Reale Júnior listou alguns dos motivos que o levaram a defender a vitória de Lula, como as discussões sobre risco de golpe e interferência das Forças Armadas na política, a falta de empatia por parte de Bolsonaro durante a pandemia e os elogios do ex-capitão a um torturador como Brilhante Ustra.
Segundo o jurista, uma derrota de Bolsonaro também será fundamental para promover o respeito à “pluralidade da sociedade civil”, interromper a “condescendência” com a destruição da Amazônia e encerrar a “discriminação contra populações indígenas”.
“Com todas as restrições que posso fazer a Lula e ao seu partido, essas questões fundamentais ele e o PT respeitarão”, declarou Reale Júnior. “Já votei no Lula contra o Collor, em 1989, em uma situação similar, e acho que estamos em um momento crucial de escolha. É fundamental salvaguardar o País.”
À reportagem, ele também criticou o fato de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter se negado a dar prosseguimento a um dos mais de 140 pedidos de impeachment de Bolsonaro.
“Uma das falhas efetivas da nossa Constituição é atribuir ao presidente da Câmara esse poder excepcional. Eu teria uma proposta de que uma petição de 50% dos deputados levaria obrigatoriamente à abertura do inquérito inicial do impeachment.”
O ex-ministro reconheceu, por fim, que os fatos a embasarem um impedimento de Bolsonaro “são muito mais graves” que os registrados no processo que levou à queda de Dilma Rousseff, em 2016.
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