Política

Aumento? Usem suas gazuas

Sempre que policiais iam até o antigo Palácio dos Campos Elíseos pedir aumento, Adhemar de Barros dava sinal verde para a corrupção

O cofre era um dos locais onde Adhemar de Barros guardava sua 'caixinha'. Foto: Galeria de Dbertua/Flickr
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Leio as notícias (preocupantes) vindas da Bahia e logo me ocorre a figura de Adhemar de Barros.

O auto-assumido corrupto governador de São Paulo, sempre que policiais iam até o antigo Palácio dos Campos Elíseos pedir aumento, respondia no ato:

“Como aumento? Vocês já ganham mais do que eu … Depois, vocês têm a gazua…”

Era o sinal verde que o governador dava para a corrupção policial.

Aos mais novinhos explico: segundo os Aurélios da vida, “gazua” pode ser uma chave ou qualquer ferramenta que ajude a arrombar uma porta.

Seja de uma casa, seja um cofre.

Adhemar acabaria se transformando em vítima-símbolo das suas próprias recomendações.

No tempo da durindana, militantes de esquerda, no Rio de Janeiro, meteram a gazua no cofre-forte de dona Ana Capriglioni, a amante secreta do governador, e saíram de lá com mais de 2 milhões.

Era um dos locais onde Adhemar de Barros guardava sua “caixinha”.

Como instituição, a “caixinha” deve ter existido, nas suas variadas versões, desde que o primeiro etrusco fez um “acerto” com o primeiro assírio. Ou seja: desde que o mundo é mundo.

Mas Adhemar foi o responsável pela consolidação do termo.

Numa de suas campanhas eleitorais, usou a expressão “caixinha” numa musiquinha-slogan que dizia mais ou menos o seguinte:

Ô…Ô…Ô, caixinha abençoada, que faz escola, estradas, dá merenda para as crianças, etc. Adhemar de Barros abençoou a “caixinha”.

Desde então…bem, esquece.

Entre os que participaram da ousada “expropriação” (termo usado na época) da caixinha do governador, todo mundo sabe, estava a jovem militante Dilma Rousseff.

Dizem que ela se destacava no grupo pelas soluções apresentadas quando surgiam obstáculos aparentemente insuperáveis.

Aqueles em que uma boa cabeça valia mais do que um “trabuco”.

Como foi o caso do “cofre do Adhemar”. Nenhum dos “expropriadores” esperava que o cofre estivesse no segundo andar e não no térreo da mansão de dona Ana.

Menos Dilma, a planejadora. Dizem que ela já tinha tomado as providências necessárias para essa eventualidade.

Teria mandado buscar as tábuas de mais de 2 metros que estavam num veículo dos expropriadores.

Desceram o cofre escorregando pela escada de mármore. Que inclusive tinha uma curva acentuada, o que teria exigido um rearranjo das tábuas.

Vocês repararam? Tudo o se refere à presidenta está no condicional. OK?

Mas voltando à Bahia, o governador Jaques Wagner, tratando-se de uma emergência, poderia usar o velho argumento de Adhemar de Barros…

Aumento? Usem as suas gazuas, rapazes…

E olhem que na Bahia, como de resto em todo Brasil, o que não falta é gazua nas mãos de policiais, etc…etc…etc…e tal.

Leio as notícias (preocupantes) vindas da Bahia e logo me ocorre a figura de Adhemar de Barros.

O auto-assumido corrupto governador de São Paulo, sempre que policiais iam até o antigo Palácio dos Campos Elíseos pedir aumento, respondia no ato:

“Como aumento? Vocês já ganham mais do que eu … Depois, vocês têm a gazua…”

Era o sinal verde que o governador dava para a corrupção policial.

Aos mais novinhos explico: segundo os Aurélios da vida, “gazua” pode ser uma chave ou qualquer ferramenta que ajude a arrombar uma porta.

Seja de uma casa, seja um cofre.

Adhemar acabaria se transformando em vítima-símbolo das suas próprias recomendações.

No tempo da durindana, militantes de esquerda, no Rio de Janeiro, meteram a gazua no cofre-forte de dona Ana Capriglioni, a amante secreta do governador, e saíram de lá com mais de 2 milhões.

Era um dos locais onde Adhemar de Barros guardava sua “caixinha”.

Como instituição, a “caixinha” deve ter existido, nas suas variadas versões, desde que o primeiro etrusco fez um “acerto” com o primeiro assírio. Ou seja: desde que o mundo é mundo.

Mas Adhemar foi o responsável pela consolidação do termo.

Numa de suas campanhas eleitorais, usou a expressão “caixinha” numa musiquinha-slogan que dizia mais ou menos o seguinte:

Ô…Ô…Ô, caixinha abençoada, que faz escola, estradas, dá merenda para as crianças, etc. Adhemar de Barros abençoou a “caixinha”.

Desde então…bem, esquece.

Entre os que participaram da ousada “expropriação” (termo usado na época) da caixinha do governador, todo mundo sabe, estava a jovem militante Dilma Rousseff.

Dizem que ela se destacava no grupo pelas soluções apresentadas quando surgiam obstáculos aparentemente insuperáveis.

Aqueles em que uma boa cabeça valia mais do que um “trabuco”.

Como foi o caso do “cofre do Adhemar”. Nenhum dos “expropriadores” esperava que o cofre estivesse no segundo andar e não no térreo da mansão de dona Ana.

Menos Dilma, a planejadora. Dizem que ela já tinha tomado as providências necessárias para essa eventualidade.

Teria mandado buscar as tábuas de mais de 2 metros que estavam num veículo dos expropriadores.

Desceram o cofre escorregando pela escada de mármore. Que inclusive tinha uma curva acentuada, o que teria exigido um rearranjo das tábuas.

Vocês repararam? Tudo o se refere à presidenta está no condicional. OK?

Mas voltando à Bahia, o governador Jaques Wagner, tratando-se de uma emergência, poderia usar o velho argumento de Adhemar de Barros…

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