Atuação de Guedes atrasou compra de vacinas em oito meses

Ministro atuou para barrar dispositivo na Medida Provisória que facilitava a aquisição de imunizantes da Pfizer e Janssen

O ministro da Economia, Paulo Guedes, ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Foto: Isac Nóbrega/PR

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A atuação do ministro da economia, Paulo Guedes, e sua equipe atrasou a compra de milhões de vacinas da Pfizer pelo governo federal, segundo mostram documentos encaminhados à CPI da Covid. A informação é da Folha de S. Paulo.

De acordo com os documentos, Guedes e a pasta comandada por ele atuaram para barrar o dispositivo da Medida Provisória que facilitava a aquisição de imunizantes da Pfizer e Janssen. A ação fez com que a compra fosse postergada em cerca de 8 meses desde a primeira oferta.

O dispositivo ao qual Guedes se opunha autorizava a União a assumir eventuais riscos e custos de possíveis efeitos adversos da vacina. A cláusula era uma exigência das farmacêuticas para negociar o imunizante em todos os países.

 

 

 


Com a atuação do ministro, a Medida Provisória que versava sobre a compra dos imunizantes foi publicada em 19 de janeiro sem a autorização para a União assumir riscos e eventuais custos. Os motivos da retirada do dispositivo da MP é alvo de investigação da Comissão de Inquérito.

Em resposta à CPI, o Ministério da Economia disse que não participou das discussões da cláusula, sendo chamado a se manifestar apenas na sanção da medida. Os documentos, porém, mostram a participação da pasta na desde dezembro, ainda no processo de elaboração do texto.

A participação de Guedes e sua equipe também foi confirmada por Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, e Elcio Franco, ex-secretário-executivo da Saúde. Ambos prestaram depoimento à CPI e confirmaram a atuação da Economia no processo.

Para a reportagem, o Ministério da Economia também confirmou que participou da fase final das discussões, mas negou que seja co-autor do texto da MP. A pasta também negou que atuou para barrar ou que se posicionou de maneira contrária ao artigo retirado do texto final.

A atuação, no entanto, ajudou a retardar as negociações desde a primeira oferta da Pfizer em 31 de julho de 2020. O contrato para compra das vacinas só foi assinado em 19 de março deste ano.

Nesse longo intervalo de tempo, o governo federal se dedicou a outras negociações de vacinas cercadas de suspeitas.

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