Política
Ataque a tiros deixa 2 mortos e 6 feridos em assentamento do MST em São Paulo
O movimento afirma que o assentamento tem sofrido pressão por se mobilizar contra a especulação imobiliária


Um ataque a tiros a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, em Tremembé, interior de São Paulo, deixou ao menos duas pessoas mortas e seis feridas na noite da sexta-feira 10.
O ataque ocorreu no Assentamento Olga Benário, após cinco carros e duas motos com dez pessoas terem invadido o local, na Estrada Canegal, segundo o movimento. “Os criminosos atiraram contra os assentados, que presenciaram a invasão de uma área do assentamento”, detalhou a entidade.
Os assentados Valdir do Nascimento, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, morreram. Outras seis pessoas seguem hospitalizadas, duas delas em estado grave, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
A pasta também informou que os criminosos não foram identificados. “Falei com os secretários Guilherme Derrite e Gilberto Kassab, com o delegado Osvaldo Nico Gonçalves e com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues”, acrescentou o ministro Paulo Teixeira (PT).
Os feridos têm entre 18 e 49 anos e foram levados ao Hospital Regional de Taubaté e ao Pronto Socorro de Tremembé, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública.
O MST afirmou que o assentamento tem sofrido pressão por se mobilizar contra a especulação imobiliária de empreendimentos voltados ao turismo na região.
“Há anos, as famílias assentadas vêm sofrendo ameaças e coerções constantes, mesmo após diversas denúncias feitas aos órgãos estaduais e federais, que seguem sem uma resposta efetiva para garantir a segurança e a permanência dessas famílias no território.”
O deputado estadual paulista Eduardo Suplicy (PT) e o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) cobraram apuração célere sobre a motivação e a execução do crime. A bancada do PT de São Paulo também se manifestou.
“É urgente que essa violência seja investigada, os envolvidos sejam identificados e punidos. Não podemos aceitar tamanha atrocidade”, escreveu Suplicy nas redes sociais. “Mais um caso de ação de grupos armados contra movimentos sociais. Inaceitável, é preciso identificar punir criminosos”, afirmou Valente.
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