Política

Aras diz sentir “desconforto” com rumores de que seria indicado ao STF

Possível indicação também foi negada por Bolsonaro nas redes sociais, o que não torna o PGR menos importante para a situação do presidente

Presidente Jair Bolsonaro e o procurador-geral da República, Augusto Aras. Foto: Isac Nóbrega/PR
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O procurador-geral da República Augusto Aras divulgou uma nota, na noite de sexta-feira 29, afirmando “desconforto com a veiculação reiterada de seu nome para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF)”. Segundo Aras, apesar da “honra de ser membro dessa excelsa Corte”, ele está “realizado” em ter atingido o ápice do Ministério Público Federal, “que também exerce importante posição na estrutura do Estado”, escreveu.

Os rumores existem desde a nomeação de Aras ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro, que deverá indicar um(a) jurista para ocupar o cargo de Celso de Mello em novembro, quando o decano completa 75 anos e se aposentará compulsoriamente.

Recentemente, as investigações acerca de possíveis desejos de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal com um inquérito relato por Celso de Mello, e outro inquérito envolvendo divulgação de fake news contra membros da Corte, relatado por Alexandre de Moraes, provocaram ataques raivosos do presidente contra o Supremo. A repetição de que seu indicado será “terrivelmente evangélico” mostram que o presidente procura colocar um aliado no STF.

Aras, por sua vez, foi escolhido pelo presidente mesmo sem ser um dos indicados pela lista de votação dos procuradores da República – uma tradição mantida até o governo de Michel Temer, que indicou Raquel Dodge na época. Tal alinhamento e outros encontros formais entre ambos gerou boatos de que o PGR seria um dos favoritos ao cargo de Celso de Mello.

 

A isto, Augusto Aras respondeu: “Ao aceitar a nomeação para a chefia da Procuradoria-Geral da República, não teve o atual PGR outro propósito senão o de melhor servir à Pátria, inovar e ampliar a proteção do Ministério Público Federal e oferecer combate intransigente ao crime organizado e a atos de improbidade que causam desumana e injusta miséria ao nosso povo. O PGR considerar-se-á realizado se chegar ao final do seu mandato tão somente cônscio de haver cumprido o seu dever.”

Bolsonaro também se posicionou sobre os rumores nas redes sociais, mas não é por isso que o PGR torna-se menos importante para o presidente – já que é ele quem pode denunciá-lo no inquérito que está nas mãos de Celso de Mello.

“Todos sabem que durante o mandato para o qual eu fui eleito, que vai até 2022, estão previstas apenas duas vagas para o Supremo Tribunal Federal. Conforme afirmei em minha ‘live’, e com todo o respeito que tenho pelo senhor procurador-geral da República, Augusto Aras, eu não cogito indicar o seu nome para essas vagas”, escreveu.

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