Política

Após vídeo antigo reaparecer, buscas por Bolsonaro e maçonaria crescem e aliados entram em campo

A gravação está disponível no YouTube há pelo menos cinco anos, mas voltou a circular nesta terça-feira 4

Foto: Reprodução
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Após um vídeo antigo do presidente Jair Bolsonaro (PL) discursando em uma loja maçônica voltar a circular nas redes sociais, nesta terça-feira 4, as buscas por termos ligados ao episódio dispararam e aliados entraram em campo para tentar evitar danos à figura do ex-capitão no eleitorado evangélico.

Nas imagens, Bolsonaro faz um pronunciamento em um altar adornado com símbolos como o esquadro e o compasso, discorrendo sobre temas como corrupção e recorrendo a clichês ideológicos da extrema-direita. O vídeo está disponível no YouTube há pelo menos cinco anos.

Com relativa frequência, uma suposta relação entre Bolsonaro e a maçonaria ressurge no debate político. No início deste ano, por exemplo, o ex-presidenciável Cabo Daciolo (PDT) – que disputou o Palácio do Planalto em 2018 – disse não acreditar na facada sofrida por Bolsonaro há quatro anos.

“Ele estava com uma enfermidade, precisava fazer uma cirurgia e, aí, a maçonaria, junto com a Nova Ordem Mundial, montou todo esse espetáculo. É o que eu acredito”, afirmou Daciolo em um vídeo publicado nas redes sociais em janeiro.

Nos últimos dias, o assunto não obteve volume relevante no debate eleitoral. Nesta terça, porém, as buscas pelas palavras “Bolsonaro” e “maçonaria” deram um salto, conforme o registro da plataforma Google Trends:

Com a repercussão do vídeo de Bolsonaro na loja maçônica, pastores bolsonaristas se apressaram nas redes sociais a tentar evitar perda de votos do presidente entre eleitores cristãos, especialmente os evangélicos. Trata-se de uma base de sustentação da qual Bolsonaro não pode prescindir em sua tentativa de reverter a desvantagem para Lula (PT) no segundo turno.

Ao longo de toda a campanha, a fim de ampliar a rejeição ao petista entre os cristãos, Bolsonaro buscou transformar a eleição em uma luta “do bem contra o mal”, estratégia reforçada pela constante participação da primeira-dama Michelle Bolsonaro e abastecida com fake news em série contra Lula.

Pego de surpresa com a circulação da gravação, o pastor Silas Malafaia, um dos principais representantes do bolsonarismo nas redes, chegou a fazer uma publicação para anunciar a preparação de um vídeo no qual se manifestará sobre o caso.

O próprio Malafaia aparece em um vídeo no YouTube, datado de no mínimo seis anos atrás, no qual se pronuncia sobre a maçonaria. Em um programa de TV, ele foi questionado por um espectador sobre “vídeos que falam a seu respeito com envolvimentos com a maçonaria”.

“Se eu sou da maçonaria, só se a loja for na Rua Montevidéu, 1.191, onde é a minha igreja, e o grão-mestre é Jeová. Vá ver se eu estou na esquina, rapaz. Que maçonaria, porcaria nenhuma. Isso é acusação”, disparou o pastor na atração. “A maçonaria não é para nós. Tem coisa que vale para qualquer pessoa, para o povo de Deus não presta. Nós somos da luz, nós saímos das trevas”.

O número de maçons no mundo passa de 6 milhões. Os seguidores se reúnem em espaços chamados de lojas – do inglês lodge, espaços que abrigavam os pedreiros responsáveis pela construção das edificações.

De acordo com a mais antiga associação de lojas maçônicas do Brasil, a Grande Oriente do Brasil, a maçonaria é uma instituição “essencialmente filosófica, filantrópica, educativa e progressista”.

Como princípios, a GOB diz defender “a liberdade dos indivíduos e dos grupos humanos; a igualdade de direitos e obrigações dos seres e grupos sem distinguir a religião, a raça ou a nacionalidade; a fraternidade de todos os homens; e a fraternidade entre todas as nações”.

Em um documento de 1983, o Vaticano reforça “manter-se na convicção da inconciliabilidade de fundo entre os princípios da maçonaria e os da fé cristã”.

“Prescindindo portanto da consideração da atitude prática das diversas lojas, de hostilidade ou não para com a Igreja, a Sagrada Congregação, com a sua declaração de 26.11.83, pretendeu colocar-se no nível mais profundo e por outro lado essencial do problema: isto é, sobre o plano da inconciliabilidade dos princípios, o que significa no plano da fé e das suas exigências morais”, diz um trecho do texto.

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