Após tsunami político, clamor por “Diretas Já” volta às ruas

Ao menos mil manifestantes reuniram-se na Avenida Paulista para protestar contra Michel Temer e pedir a sua saída da presidência

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“Renúncia”, “Fora Temer” e ‘Diretas Já” foram as palavras de ordem que tomaram conta de manifestantes concentrados na noite da quarta-feira 17 na Avenida Paulista, em São Paulo.

O protesto foi em parte espontâneo e em parte convocado pela Frente Povo Sem Medo, galvanizado após revelações de Joesley Batista, dono da JBS, de que o presidente Michel Temer tinha conhecimento e incentivava o silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, nas investigações da Operação Lava Jato.  

Na principal avenida de São Paulo, cerca de mil manifestantes se reuniram quase que imediatamente após a notícia. Cerca de uma hora após a divulgação da notícia, o vão do MASP já se encontrava cheio. Por volta das 22 horas, uma parte da avenida foi fechada por manifestantes.

Um dos presentes no protesto, o designer Raul, de 26 anos, declarou que espera que Michel Temer “caia o quanto antes”, mas admite que o clima é nebuloso. “Não dá para saber o que vai surgir de nomes. Eles estão brigando entre si, está uma zona, igual sempre foi”.

Já para a aposentada Sônia, de 68 anos, o processo de impeachment de Temer deve ser apressado para “se limpar tudo isso”.


Também presente nas ruas, Vidal, de 35 anos, não está otimista com os possíveis desdobramentos da crise política. “Não podemos ter uma empolgação muito grande, pois eles [os políticos] já pensaram em alguém para colocar no lugar, o que provavelmente não será bom para o povo”. Para ele, “o povo deve comandar o processo” e, para isso, é preciso também “sair da Avenida Paulista e fazer o trabalho de base”.

O rapper Vidal, do Grupo de Rap Liberdade e Revolução, diz também que não pretende votar em ninguém em 2018. “Do jeito que as eleições são colocadas hoje, o único direito que a gente tem é de escolher alguém que irá nos explorar por mais quatro anos, temos que construir a política de baixo para cima, a esquerda tem que descer com a gente para a periferia”.  

Com uma criança no colo, a operadora de telemarketing Luziane, de 27 anos, pensa que a conjuntura está difícil e conspira contra os interesses do povo. “Eu não vou dizer que eu não acredito na democracia brasileira, senão não faz sentido eu estar na luta. Acredito que possa mudar sim e que possamos conquistar algo de melhor para a gente, para a sociedade, para o Brasil”.

O ato seguiu pacificamente até aproximadamente meia noite e meia. Ele foi finalizado em frente ao gabinete da presidência, na Avenida Paulista. A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo já convocaram manifestações para os próximos dias nas grandes capitais.    

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