Política
Após trama golpista, PSOL pede ao Ministério da Defesa a extinção dos ‘kids pretos’
A continuidade do batalhão traz riscos à estabilidade democrática, justifica a legenda


A bancada do PSOL na Câmara pediu ao Ministério da Defesa que extingua o batalhão das Forças Especiais do Exército, onde estão os militares conhecidos como “kids pretos”. O ofício, enviado à pasta nesta segunda-feira 16, ocorre em meio às investigações que apontam para a participação de integrantes da caserna em uma articulação pró-golpe de Estado em 2022.
Os kids pretos são treinados para atuar nas missões sigilosas, em ambientes hostis e politicamente sensíveis. Eles integram a chamada “elite” da Força Armadas, caracterizados como especialistas em guerra não convencional, reconhecimento especial e contraterrorismo. Os militares recebem esse apelido por utilizarem gorros pretos em operações.
No ofício, os parlamentares da legenda defendem a adoção de “medidas estruturais para prevenir riscos à segurança nacional e evitar o uso indevido de unidades militares para práticas criminosas”. Além disso, dizem que a continuidade do batalhão traz riscos à estabilidade democrática.
Os pedidos elencados no documento, afirmam os deputados, têm o objetivo de “resguardar a ordem democrática, a segurança institucional e a missão constitucional das Forças Armadas, pilares fundamentais para a soberania e estabilidade da República Federativa do Brasil”.
Caso a extinção seja acatada, o PSOL defende que os recursos orçamentários e humanos atualmente destinados aos kids pretos sejam redirecionados para unidades das Forças Armadas que atuem “exclusivamente em conformidade com os preceitos constitucionais”. A legenda ainda cobra a punição de todos os envolvidos na tentativa de golpe.
Os pedidos do partido surgem à luz da prisão do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), ocorrida neste sábado. Ele foi detido pela Polícia Federal, sob acusação de obstruir as investigações sobre a articulação para reverter o resultado das eleições e manter seu chefe no poder.
As apurações da PF apontaram, por exemplo, que militares kids pretos ficariam responsáveis por executar um plano para matar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, o presidente Lula (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB).
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