Mundo
Após tarifaço e denúncias sobre ‘adultização’, Lula volta a defender regulamentação das big techs
O presidente brasileiro recebeu o equatoriano Daniel Noboa, em Brasília, e disse que redes sociais não podem ser ‘terras sem lei’


O presidente Lula (PT) afirmou nesta segunda-feira 18 que a regulamentação das plataformas digitais é um desafio central para os Estados, ao alertar que as sociedades permanecerão “sob constante ameaça” enquanto as big techs não forem responsabilizadas. A declaração foi feita durante a assinatura de termos bilaterais com o presidente do Equador, Daniel Noboa, no Palácio do Planalto, em Brasília.
“Não é possível que as redes sociais funcionem como terras sem lei, em que se pode atentar impunemente contra a democracia, incitar o ódio e a violência. Erradicar a exploração sexual de crianças e adolescentes é uma imposição moral e uma obrigação do poder público”, disse Lula, reforçando uma pauta que tem enfrentado resistência no Congresso, mas que ganhou força após casos recentes envolvendo abusos online.
O discurso também ocorre após Washington impor um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros e intensificar a pressão diplomática, incluindo a revogação de vistos de idealizadores do programa Mais Médicos. A pressão comercial, entre outros itens, foi justificada por decisões da Justiça brasileira contra redes sociais norte-americanas.
O novo recado a Trump
Lula também aproveitou o encontro para criticar indiretamente a estratégia do presidente americano, Donald Trump, que classificou cartéis latino-americanos como organizações terroristas globais e ordenou que o Pentágono prepare ações militares contra eles.
“Não é preciso classificar as organizações criminosas como terroristas e nem violar a soberania alheia para combater o crime organizado”, afirmou o petista, defendendo soluções multilaterais e cooperação regional em lugar de medidas unilaterais e de caráter militar.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Putin volta a telefonar para Lula para tratar de encontro com Trump no Alasca
Por CartaCapital
Governo Lula envia nesta segunda a resposta aos EUA sobre investigação que mira o Pix
Por CartaCapital