Após sair da prisão, Ricardo Coutinho se diz perseguido pelo MP

Em entrevista ao UOL, ex-governador da Paraíba rebateu acusações de desvio de dinheiro e criticou sua prisão: 'Não é método de investigação'

Ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil.

Apoie Siga-nos no

O ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, declarou que se sente perseguido pelo Ministério Público e criticou a prisão a sua prisão por suspeita de corrupção. “Prisão não é método de investigação”, disse. As declarações foram dadas em entrevista ao UOL, depois de deixar a prisão na noite do sábado 21.

Coutinho é acusado pelo MP-PB (Ministério Público da Paraíba) de chefiar uma organização criminosa suspeita de desviar mais de R$ 130 milhões em recursos públicos durante seu mandato, entre 2011 e 2018. De acordo com a denúncia, a verba seria destinada originalmente à educação e à saúde.

Uma reportagem veiculada no Fantástico no domingo 22 mostrou declarações mostrou declarações de uma ex-procuradora-geral e ex-secretária de Administração Livânia Farias, delatora no caso. Ela citou a entrega de dinheiro de propina a Coutinho e também gravações de conversas com o ex-governador feitas pelo empresário Daniel Gomes, outro delator.

Na entrevista, Coutinho rebateu as acusações. “Estamos em meio a uma guerra violenta. Não é só comigo. Eu estou sendo massacrado. Essa construção de narrativas não visa somente me atacar. Existe um claro mapeamento sobre o partido [PSB] e sobre o nosso grupo de militantes. A prisão da prefeita do Conde [Marcia Lucena, acusada de envolvimento no mesmo esquema] é de uma violência. Ela foi presa porque, em 2014, tinha feito três dispensas de licitação para contratar uma empresa que hoje foi denunciada. Se tivesse algo errado, o Tribunal de Contas diria na época. Não é simplesmente algo contra o Ricardo. É contra um projeto que mudou a correlação de forças na Paraíba, gerando atritos com instituições”, declarou à reportagem.

Sobre desvios de dinheiro de cofres públicos, o ex-governador afirmou que a delação foi arrumada para condená-lo. “Meu patrimônio é totalmente compatível com a renda que obtive ao longo desses 28 anos de exercícios de mandatos públicos. A casa que eu tenho foi declarada no valor integral. E não se apresenta uma prova de onde está esse dinheiro. Rapaz, meu carro é de 2007! Estou sendo vítima de uma perseguição política”, acrescentou.


Coutinho criticou a sua prisão preventiva, que o fez ficar um dia detido. “Amigo, se alguém roubou, é preciso instalar o devido processo legal, investigar e arranjar as provas necessárias. A prisão preventiva não pode ser usada como método investigativo”, criticou.

Para o ex-governador, o atual período é pior do que a ditadura. Lá, você sabia o que estava acontecendo. Agora, tem capa de democracia que cada vez nega mais direitos, principalmente para a parte da população que mais precisa. Entra numa lógica de que todo mundo é ladrão e tem que destruir todo mundo”.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.