Após reunião com Haddad, MST diz que desocupará terras e prevê mais recursos para famílias

'Não tem nenhum motivo para o MST criar conflito nem constrangimento para o governo Lula', disse coordenador do movimento

Reunião entre a coordenação do MST e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Júnior Lima/MST

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O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Paulo Rodrigues, se reuniu nesta quinta-feira 20 com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em São Paulo. Após o encontro, Rodrigues disse que o MST desocupará áreas da Embrapa, em Pernambuco, e da Suzano, no Espírito Santo.

Rodrigues declarou ao jornal Valor Econômico que a desocupação deve ocorrer “nas próximas horas”.

“Não tem nenhum motivo para o MST criar conflito nem constrangimento para o governo Lula. O MST é parceiro deste governo, está com uma agenda de produção de alimentos”, disse o coordenador.

Segundo Rodrigues, Haddad prometeu aumentar de 250 milhões para 400 milhões de reais o orçamento dedicado ao assentaento de famílias acampadas. O ministro também se comprometeu, de acordo com o MST, a buscar mais terras para assentamento.

“A alternativa que o ministro está construindo é negociar com os devedores da União”, prosseguiu Rodrigues. “Em vez de pagar a dívida com dinheiro, vai negociar para pagar com terra. São aproximadamente 40 bilhões de reais em dívida de fazendeiros que têm uma quantidade de cinco milhões de hectares de terras.”

Haddad ainda não se pronunciou sobre a reunião.


O encontro aconteceu em meio às ações do MST no chamado Abril Vermelho. Os protestos fazem referência aos 27 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em que tropas da Polícia Militar mataram 21 trabalhadores rurais.

Nos últimos dias, o movimento iniciou uma nova etapa de ações, com ocupações em propriedades rurais e em sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

Na última segunda-feira 17, o Ministério da Agricultura e Pecuária divulgou uma dura nota da Embrapa Semiárido contra uma ocupação promovida pelo MST. A companhia, em Petrolina (PE), é uma das 47 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao ministério.

O tom da pasta comandada por Carlos Fávaro é mais duro que o adotado pelo ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário. “MST apresenta a pauta da sua jornada de lutas e se compromete a sair da área da Embrapa no Pernambuco e da área da Suzano no Espírito Santo”, escreveu o petista nas redes sociais no fim da noite da quarta 19.

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