Política
Após retratação do Carrefour, governo diz que se manterá ‘vigilante’ e que pode voltar a reagir com ‘firmeza’
Presidente-executivo global anunciou a interrupção de compra de carne do Mercosul e criticou a qualidade da produção


Após o CEO mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, se retratar nesta terça-feira 26 pelas críticas feitas à carne do Brasil, o governo brasileiro disse que se manterá “vigilante na defesa da imagem do país”.
Segundo a nota, assinada pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministro da Agricultura e Pecuária, o governo voltará a reagir com “firmeza contra qualquer nova campanha que tenha como alvo a imagem de produtos brasileiros, em especial do agronegócio”.
Além disso, o governo brasileiro espera que as empresas que anunciaram boicotes a produtos brasileiros revertam as decisões de parar de comprar carne do Brasil.
O comunicado reforça ainda que que todos que tenham contribuído para o boicote e críticas à carne brasileira devem ter “presentes as consequências negativas de seus atos e levem em conta o grave impacto que poderão ter para as suas relações com o Brasil”.
Além do governo brasileiro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também reagiu ao pedido de desculpas do CEO da rede. Na avaliação do alagoano, a mensagem não repara os “estragos de imagem” causados ao mercado brasileiro pelo executivo.
“Não podemos minimizar o que aconteceu. É uma escalada de narrativas falsas sobre a produção brasileira”, acrescentou Lira nesta terça-feira. Antes de falar à imprensa, o chefe da Câmara participou de almoço com integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária para discutir reações às declarações de Bompard.
Uma das iniciativas estudadas pelos deputados é acelerar a tramitação do projeto de lei que prevê medidas de reciprocidade econômica entre países. O requerimento de urgência foi apresentado por Pedro Lupion (PP-PR), líder da FPA, e deve ser analisado em plenário ainda nesta terça. Lira ainda escolheu o bolsonarista Zé Vitor (PL-MG) como relator da proposta.
O texto em questão proíbe o Brasil de participar, patrocinar ou ser signatário de acordos internacionais que possam representar “restrições às exportações brasileiras e ao livre comércio”, quando os outros países ou blocos signatários não adotarem medidas de proteção ambiental equivalentes.
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