Política
Após repercussão de greve, Bolsonaro manda recado enigmático nas redes
Presidente declarou que não abrirá mão de seus ‘princípios fundamentais’: ‘Brasil pediu uma nova forma de se relacionar com os poderes’
Após a ampla adesão à greve contra os cortes na Educação, o presidente Jair Bolsonaro sinaliza que não haverá recuos. Em um recado enigmático publicado nas redes sociais, o presidente limitou-se a dizer que não vai abandonar os ‘princípios fundamentais’ que defendeu, e com os quais, segundo ele ‘a maioria dos brasileiros sempre se identificou’.
Se há algo de que jamais abrirei mão, são os princípios fundamentais que sempre defendi e com os quais a maioria dos brasileiros sempre se identificou. O Brasil pediu uma nova forma de se relacionar com os poderes da República, e assim seguirei, em respeito máximo à população.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 16 de maio de 2019
Cerca de uma hora antes, ele compartilhou um vídeo atribuída a pais de alunos do Colégio Santo Agostinho, no Rio de Janeiro, criticando a greve. Um homem diz, na gravação, que o ato tem ‘cunho completamente político’ e foi organizado para prejudicar o presidente. O tal ‘pai’ é Eduardo Vieira, candidato a vereador pelo Novo nas eleições de 2016.
– Pais de alunos do Colégio Santo Agostinho, Rio/RJ, reagem ao uso político que alguns querem fazer com seus filhos na escola.
– Os valores e o conhecimento devem ser a tônica daqueles que matricularam seus filhos nessa escola particular e, certamente, em muitas outras. pic.twitter.com/yIRl5rxaqb— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 16 de maio de 2019
A greve foi convocada pela União Nacional dos Estudantes e aconteceu em mais de 60 cidades. A entidade estima que mais de 1 milhão de brasileiros tenham ido às ruas. A repercussão se agravou depois que Bolsonaro disse que os manifestantes eram ‘idiotas úteis’ que não sabiam sequer a fórmula da água.
Uma nova data de manifestações já está marcada: o dia 30 de maio. Entre as reivindicações, estão o corte de 30% no orçamento de universidades e institutos federais, o corte de 3 mil bolsas de estudo de mestrado e doutorado da Capes e o bloqueio de 2,4 bilhões de reais dos investimentos da educação básica.
A postura do governo em relação ao caso é confusa. Na terça-feira 14, véspera da greve, aliados do presidente disseram à imprensa que ele havia ordenado o ministro Abraham Weintraub a voltar atrás nos cortes. A deputada Joice Hasselmann, líder do governo, desmentiu instantes depois, atribuindo a informação a um ‘boato barato’. Já Weintraub deu outra versão. Segundo afirmou em audiência com deputados, o presidente de fato pediu o recuo, mas teria sido convencido após ouvir que não haveria corte, e sim contingenciamento de verbas.
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