Supostos parceiros negam relação com ‘farinata’ e ONG retira logos de site

Entidades nacionais e internacionais faziam parte, segundo Plataforma Sinergia, do quadro de colaboradores. Empresa alega confidencialidade

Parceiros internacionais como a FAO, da ONU, negou parceria

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A Plataforma Sinergia, ONG responsável pelo processamento da “farinata”, produto que será utilizado pela gestão Doria na Prefeitura de São Paulo no combate à fome, retirou do seu site uma relação de supostos colaboradores da empresa. As logomarcas de empresas e instituições foram substituídas por uma mensagem alegando a “confidencialidade” dos parceiros. 

Até o último final de semana, a organização possuía diversos colaboradores brasileiros e estrangeiros, entre eles a FAO, agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para alimentação e agricultura, a Igreja Católica e a PUC de São Paulo, além do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea). CartaCapital entrou em contato com estes parceiros a fim de confirmar a suposta parceria, mas todos negaram. 

A proprietária da empresa Rosana Perrotti, afirmou ainda, durante coletiva de imprensa realizada em São Paulo, que a ONG pertenceria à Igreja Católica. Ao lado do prefeito João Doria e do arcebispo de São Paulo Dom Odilo Scherer, a proprietária reafirmou também o apoio da FAO na iniciativa, que segundo ela, se trata de “uma patente desenvolvida para o combate a fome”. 

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Questionada sobre as relações com a Plataforma Sinergia, a assessoria de imprensa da Arquidiocese de São Paulo afirmou não ser dona da empresa e nem responsável pelo projeto de lei que tornou possível a doação de alimentos que seriam descartados no município de São Paulo. “A Rosana teve uma ideia e a Igreja gostou. Porém, a ONG não tinha recursos para levar a ideia a frente. Então a parceria entre a Igreja e a Plataforma veio para facilitar a criação de um projeto de lei”, afirma a assessoria. 

Assim como a ONG, a Arquidiocese diz ainda ter recebido apoio da PUC no processo, que afirmou ter participado apenas da criação do Projeto de Lei, elaborado em 2013 durante a gestão do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. 

Sinergia alegou ‘confidencialidade’, a fim de que possam dar ‘continuidade no trabalho’

A FAO afirmou em nota não reconhecer nenhuma parceria ou colaboração com a farinata e diz ainda não ter concedido nenhum prêmio ao produto, conforme veiculado em alguns veículos. Em entrevista a CartaCapital, Gustavo Chianca, representante assistente do braço da ONU para alimentação e agricultura no Brasil, declarou que a organização apoia políticas que evitem o desperdício de alimentos, o que não significa que todas as iniciativas possuem o carimbo das Nações Unidas.

O representante afirma ainda a necessidade de priorizar o fornecimento de alimentos in natura para os cidadãos, diferentes daqueles ofertados pelo programa. “Os alimentos propostos pela Sinergia são alimentos válidos em situações extremas como catástrofes, em que a fome se torna uma questão emergencial”, completa.  

Em nota, o Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea-SP), que também constava como parceiro da iniciativa, afirma que não celebrou termo formal de colaboração com a Plataforma Sinergia. A Confederação Nacional do Turismo (CNTur) também negou relações com a empresa. 

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