Política
Após mortes em Paraisópolis, Doria elogia política de segurança do Estado
O governador declarou que São Paulo tem ‘uma polícia preparada, equipada e bem informada’. Ação em baile funk deixou nove mortos


Duas horas após lamentar em suas redes sociais as nove mortes ocorridas na favela de Paraisópolis após ação da Polícia Militar, o governador João Doria elogiou a política de segurança do Estado. “Hoje, São Paulo tem uma polícia preparada, equipada e bem informada”, afirmou durante a solenidade de filiação do ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno ao PSDB do Rio de Janeiro.
O governador também afirmou que aumentou o orçamento da segurança para o ano que vem e que os melhores indicadores de segurança do País estão em São Paulo. “Não há hipótese de uma comunidade, uma população, uma cidade, um estado ou uma grande região ter paz sem ter segurança. Em São Paulo, isso se faz com seriedade, com planejamento, com estruturação, com inteligência para permitir a ação preventiva do crime, com respeito aos policiais”, declarou.
A declaração do governador é feita logo após a realização da Operação Pancadão pela PM em um baile funk em Paraisópolis, favela da zona sul de São Paulo. A ação, que deixou nove pessoas mortas e pelo menos outras sete feridas, expõe contradições. A PM alega que o tumulto começou após troca de tiros com uma dupla de suspeitos que estariam em uma moto e abriram fogo contra os policiais.
Já a população denuncia truculência policial com frequentadores do baile ao longo da dispersão. Vídeos publicados nas redes sociais mostram o momento que agentes do Estado batem, com cassetetes, em pessoas nas ruas. Segundo a PM, haverá investigação por parte da Corregedoria da corporação para apurar excessos cometidos.
Vídeos denunciam agressões
Jornalistas chegaram a publicar muito dos relatos de agressão no Twitter. Em um deles, é possível ver um grupo de pessoas sendo encurralado pela PM em uma passagem estreita. Os policiais usam os cassetetes para bater nos que estão à frente do grupo.
Momento em que os jovens frequentadores do Baile da 17, em Paraisópolis, são encurralados pela PM de SP. Nove jovens morreram em decorrência da intervenção dos militares. Sete estão feridas. pic.twitter.com/xSuyogIxw2
— André Caramante (@andrecaramante) December 1, 2019
Mais imagens mostram um agente chutando uma pessoa rendida na parede. A rua parece esvaziada, e outros PMs passam com um homem aparentemente detido pelo local. Um outro vídeo também flagra o momento em que um policial agride uma pessoa que corria na rua.
Vídeo mostra PM chutando e pisando frequentador do baile da Dz7, na favela do Paraisópolis (zs), em ação que terminou com 8 pessoas mortas supostamente pisoteadas pela multidão. E aí, @jdoriajr e comando da @PMESP, qual a explicação? pic.twitter.com/yg0ouMlsAr
— Kaique Dalapola (@KaiqueDalapola) December 1, 2019
#Brasil | Testemunhas e policiais que estiveram no baile funk na favela de #Paraisópolis têm versões diferentes sobre o que teria provocado o tumulto que terminou com a morte de nove pessoas pisoteadas, na madrugada deste domingo. https://t.co/WvyTbE8w2E pic.twitter.com/1aUSllCCo8
— Atlantide (@Atlantide4world) December 1, 2019
O tenente-coronel da PM, Emerson Massera, afirmou em uma coletiva de imprensa concedida na tarde deste domingo que “é difícil analisar se o procedimento foi correto” no primeiro momento.
Ele confirmou que a PM também recebeu os vídeos que denunciam abusos e que iriam averiguar se eles são, de fato, desta madrugada. A polícia reitera que todas as vítimas fatais foram ocasionadas por pisoteamento.
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