Após escândalos na Lava Jato, Moro vai a Washington

Ministério da Justiça terá agenda cheia nos 'principais órgãos de segurança e inteligência' americanos, como o FBI

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Depois de passar uma semana sob acusações de má conduta na Operação Lava Jato, o ministro da Justiça Sergio Moro anunciou uma agenda intensa nos Estados Unidos para os próximos dias. A viagem se estenderá de 22 a 27 de junho. Em nota, a pasta afirma que Moro fará “uma série de visitas aos órgãos de segurança e inteligência do país”, incluindo os principais departamentos, centros e agências de combate ao crime organizado e ao narcoterrorismo.

O objetivo seria “reunir experiências e boas práticas para fortalecer as operações integradas no Brasil”. O Ministério diz que, no domingo 23, o Moro deve conhecer as instalações da patrulha de fronteira entre os Estados Unidos e o México. Já na segunda 24, deve cumprir agenda junto ao Centro de Inteligência da cidade de El Paso (EPIC).

Na terça 25, estão previstas visitas à Divisão de Operações Especiais da DEA (Drug Enforcement Administration), ao Centro de Operações de Narcoterrorismo e ao Centro Internacional de Operações e Inteligência de Anti-Crime Organizada, na cidade de Herndon, Virgínia. A data também incluirá uma reunião com as secretarias de Narcotráfico e Aplicação da Lei Internacional (INL), Contraterrorismo e o Departamento do Tesouro Americano.


A nota informa ainda que a delegação brasileira irá ao Departamento Federal de Investigação, o FBI. Moro também terá a oportunidade de visitar a Força-tarefa Conjunta de Investigação Cibernética Nacional. Junto ao ministro, estarão o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, José Lopes Hott Junior, e o diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Igor Romário de Paula.

A agenda com as autoridades americanas ocorre em meio ao escândalo dos vazamentos de mensagens noticiados pelo site The Intercept Brasil. Segundo o conteúdo veiculado, Sergio Moro teria se desvirtuado de sua função como juiz e agido com parcialidade na condução da Operação Lava Jato. As mensagens apontam que, no caso do tríplex do Guarujá, que prendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Moro teria aconselhado procuradores, cobrado ações, sugerido fontes e até interferido na composição da bancada acusatória.

Proximidade suspeita

A aproximação entre agentes da Justiça e da Polícia Federal e o Estado americano é alvo de críticas da oposição. Na última terça-feira 18, o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), anunciou sua ida ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, na Bélgica, para entregar um relatório em que denuncia a “participação secreta e ilegal” dos Estados Unidos na Operação Lava Jato.

Em nota, o Partido afirma existir um conluio entre a Lava Jato e o governo americano, “com objetivos geopolíticos a fim de tirar o protagonismo internacional do Brasil”. Entre os desdobramentos atribuídos à Operação, estariam o impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, o enfraquecimento dos BRICS e do G-20 e a entrega do petróleo do pré-sal a petroleiras estrangeiras, principamente americanas, por preços irrisórios.

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