Política
Demitido, Patriota vai assumir cargo na ONU
A demissão do ministro das Relações Exteriores aconteceu após a fuga do ex-senador boliviano Roger Pinto Molina, condenado em seu país por corrupção


Renata Giraldi
Brasília – Antes de deixar o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, por volta das 20h30 da segunda-feira 26, o ex-chanceler Antonio Patriota reuniu a equipe de diplomatas e funcionários do seu gabinete para se despedir. Na rápida reunião, ele agradeceu a colaboração de todos, nos dois anos e oito meses que ficou no cargo, e falou da importância institucional do Itamaraty no papel de preservar a democracia.
Diplomatas que participaram do encontro disseram à Agência Brasil que Patriota estava sereno e tranquilo. Na conversa com os assessores, ele elogiou a escolha do sucessor, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado. O ex-ministro lembrou que os dois trabalharam juntos na Organização das Nações Unidas (ONU), na década de 1990.
A saída de Patriota do cargo de chanceler foi provocada pela crise instaurada com a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina da Embaixada do Brasil em La Paz, onde ficou abrigado por cerca de 15 meses.
Após dois anos e oito meses como ministro das Relações Exteriores, Patriota, de 59 anos, deixa o cargo para ser o novo representante do Brasil na ONU. Com 34 anos de carreira, antes de ser nomeado chanceler foi secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores. Filho de chanceler, Patriota construiu uma carreira baseada na disciplina, na articulação e em negociações multilaterais.
Na ONU, como representante do Brasil, ele deverá participar de discussões emblemáticas, como a busca por consenso em situações de crise. Atualmente a comunidade internacional está em alerta devido ao agravamento da situação na Síria, em decorrência da suspeita de uso de armas químicas contra civis, e do Egito deflagrada pelas manifestações violentas e confrontos constantes.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.