Após criticar fundo eleitoral, Deltan pede recursos públicos para fazer campanha

Ex-procurador chegou a ‘propor’, em 2018, a extinção do que chamou de ‘fundo bilionário’; no ano anterior, disse que dinheiro atendia apenas aos ‘caciques da velha política’

Créditos: EBC

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O ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que ao longo dos anos criticou o uso do fundo eleitoral por políticos brasileiros, solicitou ao Podemos, seu partido, acesso a recursos públicos para fazer sua campanha a deputado pelo Paraná. A informação é do site UOL.

Em 2017, vale registrar, Dallagnol dizia que o fundo eleitoral atendia apenas ‘caciques da velha política’ e criticava o Congresso por ter proposto um aumento no valor. Naquela ocasião, em postagem nas redes sociais, o então procurador afirmou que o Brasil estaria ‘no caminho contrário’ ao ampliar o montante de recursos públicos destinados para campanhas políticas.

“Em vez de proibirem as caríssimas produções de marketing televisivo (filmagens holywoodianas passadas no horário de campanha eleitoral da TV) e valorizarem o debate de ideias, fizeram o inverso, propondo a expansão do valor do fundo partidário para R$ 3,6 bilhões, 0,5% do orçamento, em tempos de crise e de aumento dos impostos”, escreveu o então procurador. “Tudo indica que a distribuição do fundo para candidatos ficará nas mãos dos caciques partidários, em grande medida a Velha Política”, completou Dallagnol naquela ocasião.

Os ataques ao fundo eleitoral seguiram e, no ano seguinte, o procurador chegou a ‘propor’ a extinção dos recursos. Também em postagem nas redes sociais, Deltan escreveu: “Pelo fim do fundo bilionário que tira dinheiro da saúde, da educação e de outros serviços públicos para as eleições e que está sendo usado para perpetuar o poder da velha política”.

Ele chegou a afirmar que o fim do uso dos recursos públicos para campanhas eleitorais era uma de suas propostas. Nesta semana, no entanto, entrou em contradição ao pedir ao Podemos acesso a uma fatia do montante. A justificativa, segundo disse ao UOL, é que o fundo eleitoral é uma forma de fazer campanha ‘sem corrupção’. A mudança no discurso é evidente.

“O Fundo Eleitoral nasceu com o objetivo de reduzir a corrupção, equilibrar a disputa eleitoral e impulsionar a renovação política”, alegou Deltan ao site. “Enquanto não mudamos isso, para mim a única maneira de fazer uma campanha usando o fundo eleitoral é com total transparência, mostrando para onde vai cada centavo do dinheiro gasto”, completou o ex-procurador.


Além dos recursos públicos, que ainda não recebeu, Deltan já acessou 50 mil reais de doações de pessoas físicas repassados pelo Podemos a ele e também outros 254 mil reais em um site de financiamento coletivo. Ele tem ainda mais de 30 mil de reais doados por pessoas físicas diretamente a eles, a maior parte desse valor foi dado ao procurador pelo senador General Girão (Podemos-CE).

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