Política

Após ataque de Bolsonaro às urnas, empresários preparam novo manifesto pró-democracia

No ano passado, mais de 250 empresários assinaram o documento ‘O Brasil terá eleições e seus resultados serão respeitados’

Jair Bolsonaro na Cúpula das Américas 2022, em Los Angeles. Foto: Jim WATSON/AFP
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Empresários e executivos reafirmaram na sexta 22, dias depois dos recentes ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) às urnas eletrônicas, o compromisso com o sistema eleitoral e com o respeito às decisões democráticas no Brasil. Segundo apurou o Estadão, um documento relativo ao tema, a ser assinado por economistas e por personalidades do setor produtivo, é preparado. O objetivo, segundo fontes, é ter um texto com “amplo apoio”.

Por ora, representantes do setor produtivo vieram a público para lembrar o seu apoio a um manifesto de 2021. Lançado no ano passado, e já assinado por mais de 250 empresários, o documento com o título “O Brasil terá eleições e seus resultados serão respeitados” voltou à tona nesta semana.

O manifesto reapareceu na pauta por meio de uma mensagem publicada na rede social LinkedIn pelo presidente do grupo Natura & Co., Fábio Barbosa. O executivo compartilhou uma foto com a frase “Eleições serão respeitadas”, e escreveu na sequência: “Há cerca de um ano, estive muito envolvido nas discussões desde o princípio e fui uma das primeiras pessoas que assinaram o manifesto – ‘Eleições serão respeitadas’. Agora que as eleições estão se aproximando, é ainda mais necessário reafirmar o nosso compromisso com a democracia no Brasil. Defender a democracia é papel de todo cidadão”.

“É muito bom ver que vários movimentos da sociedade estão acontecendo, naturalmente, sempre em defesa da democracia e da credibilidade do processo de votação. Não vamos esmorecer”, disse Barbosa ao Estadão.

A reportagem conversou com outros executivos que assinaram o manifesto de 2021 e que também reafirmaram seu apoio ao documento após encontro promovido por Bolsonaro com embaixadores em Brasília em que o presidente colocou em dúvida o sistema eleitoral brasileiro, mesmo sem apresentar provas.

“A estabilidade institucional é um dos pilares que fazem do Brasil um destino atraente para o investimento estrangeiro. Colocá-la em risco é comprometer o nosso futuro como nação”, disse José Olympio Pereira, ex-presidente do banco Credit Suisse no Brasil.

“A democracia é a base da nossa Constituição e é fundamental para construirmos uma sociedade mais justa para todos os brasileiros e brasileiras”, afirmou Walter Schalka, presidente da Suzano.

Apoio amplo

A busca por uma frente ampla de apoio no meio empresarial tem explicação. No ano passado, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) acabou retirando seu apoio ao documento, inicialmente gestado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O manifesto de apoio à democracia acabou perdendo força, até porque seu conteúdo gerou uma rusga na Febraban. Um dos principais críticos ao texto foi Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa, que recentemente deixou o cargo após denúncias de assédio sexual.

Com a mudança de gestão da Fiesp, na presidência de Josué Gomes da Silva, espera-se que a entidade assine o manifesto. Segundo uma fonte, a ideia é fazer um texto ponderado, mas com defesa firme ao sistema eleitoral e democrático. O tom seria parecido com a mensagem que Fábio Barbosa publicou no LinkedIn ontem.

O documento do ano passado contou com assinaturas de nomes como Affonso Celso Pastore, Alexandre Schwartsman, Ana Maria Diniz, Armínio Fraga, Roberto Setubal (Itaú Unibanco), Frederico Trajano (Magazine Luiza), Guilherme Leal (Natura), José Gallo (Renner), Candido Bracher (Itaú Unibanco) e Luis Stuhlberger (fundo Verde), entre outros.

“O princípio-chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos. A Justiça Eleitoral brasileira é uma das mais modernas e respeitadas do mundo. Confiamos nela e no atual sistema de votação eletrônico. A sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias”, diz o documento.

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