Após adiar o anúncio da retirada da sua candidatura ao governo da Bahia, diante da reação dos petistas no estado, o senador Jaques Wagner confirmou nesta segunda-feira que está fora da eleição estadual. Seu mandato parlamentar ainda está no meio e só termina em 2026. A ideia de Wagner era apoiar a candidatura ao governo do também senador Otto Alencar (PSD-BA), mas, segundo o PT, o assunto ainda será debatido.
— A retirada da minha candidatura não implica na retirada da candidatura do PT. Quem decidirá se terá candidatura ou não, não sou eu, será o partido — afirmou Wagner, durante encontro com a militância.
Além do apoio a Otto, a estratégia petista visava o lançamento da candidatura do atual governador Rui Costa (PT) ao Senado. Para poder concorrer, Costa teria que deixar o Executivo baiano até 2 de abril, o que daria a outro partido da aliança estadual, o PP, controle da máquina por nove meses — o atual vice-governador João Leão (PP) assumiria o estado.
A expectativa era que o anúncio do acordo fosse feito na última sexta-feira (25), mas ao longo do dia surgiram reações de parlamentares petistas da Bahia que atrasaram o comunicado de Wagner.
O presidente estadual do PT na Bahia, Éden Valadares, disse que o partido vai se reunir nos próximos dias para definir sua posição:
— Nossa decisão será fruto do debate interno, mas também do imprescindível diálogo com os demais partidos e lideranças da base, como Otto (Alencar), (João) Leão, Lídice (da Matta) e PCdoB — afirmou Éden.
A escolha de Wagner para disputar o governo havia sido definida por Lula, em viagem à Bahia, em agosto do ano passado. Otto concorreria ao Senado e Rui Costa cumpriria o seu mandato de governador até o fim.
Há divergências sobre os motivos da mudança de cenário. Os aliados de Wagner dizem que Costa se empolgou com pesquisas internas que mostraram a sua alta popularidade e passou a se colocar como candidato a senador. A sua entrada na disputa levaria a um rompimento da aliança local com PP e PSD.
Já os petistas ligados ao governador afirmam que Wagner começou a manifestar vontade de desistir de disputar novamente o cargo que ocupou entre 2007 e 2014. A partir daí, Costa se colocou, com o objetivo apenas de reforçar a chapa.
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