Política

Após absolvição no Senado, Donald Trump demite testemunhas

Demissões geram temores de uma ‘campanha de vingança’ por parte do presidente

Donald Trump segura uma edição do jornal The Washington Post com a manchete sobre sua absolvição (Foto: Joyce N. Boghosian)
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu nesta sexta-feira 07 duas das principais testemunhas no processo de seu impeachment no Congresso americano. A decisão gerou acusações de que o líder americano estaria realizando uma “campanha de vingança” contra seus detratores.

Horas após demitir o tenente-coronel Alexander Vindman, um militar condecorado que trabalhava no Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês), Trump ordenou a remoção do embaixador americano na União Europeia (UE), Gordon Sondland. Os depoimentos de ambos aos congressistas foram alguns dos mais incisivos durante o processo e embasaram o pedido pelo impeachment do presidente.

As duas demissões ocorreram dois dias depois da votação no Senado que absolveu Trump das acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso, e no dia seguinte ao discurso do presidente na Casa Branca no qual ele celebrou a decisão dos senadores. No pronunciamento, o presidente já adotara um tom de ressentimento, dizendo que seus acusadores eram “sujos e mentirosos” e se colocou novamente como vítima de perseguição política por parte da oposição.

Vindman, um oficial respeitado ferido em combate quando serviu no Iraque, recebeu ordens imediatas de deixar seu escritório no NSC. Seu advogado, David Pressman, disse que o tenente-coronel foi “escoltado para fora da Casa Branca, onde ele serviu zelosamente seu país e seu presidente”. “Vindman foi demitido por dizer a verdade”, afirmou.

 

O militar atuava como diretor de assuntos europeus no NSC, responsável por temas referentes à Ucrânia. Ele relatou ao Congresso um telefonema ocorrido no dia 25 de julho entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodomir Zelensky, no qual o americano teria pedido a abertura de uma investigação sobre o senador Joe Biden, um dos principais nomes do Partido Democrata para concorrer às próximas eleições presidenciais. “Não conseguia acreditar no que ouvia”, afirmou aos congressistas.

“É inadequado que um presidente dos EUA exija que um governo estrangeiro investigue um cidadão americano e oponente político”, afirmou Vindman ao Congresso. Para os democratas, o depoimento deixou clara uma das tentativas de Trump de coagir um governo estrangeiro a intervir nas eleições americanas em novembro deste ano.

Neste sábado, Trump justificou através do Twitter a demissão do militar afirmado que ele era “muito insubordinado” e que relatou “incorretamente” as informações sobre seu telefonemas “perfeitos” com Zelensky.

Ele foi demitido juntamente com seu irmão gêmeo, Yevgeny, que trabalhava como consultor jurídico do NSC.

Gordon Sondland (esq.), ex-embaixador dos EUA na UE, e o tenente-coronel Alexander Vindman

Sondland, que foi nomeado embaixador na UE após ter doado 1 milhão de dólares para a cerimônia de posse de Trump, havia dito em seu depoimento ao Congresso que seguiu ordens do presidente ao buscar o chamado quid pro quo, insistindo nas investigações ucranianas sobre Biden em troca do agendamento de uma visita de Zelensky á Casa Branca.

O embaixador disse ainda que o advogado pessoal de Trump, o republicano Rudy Giuliani, liderou as tentativas de pressionar Zelensky, com o conhecimento de funcionários do alto escalão da Casa Branca e do Departamento do Estado.

Os testemunhos de Vindman e Sondland foram fundamentais para que Trump se tornasse o terceiro presidente da história americana a sofrer um impeachment na Câmara dos Representantes do Congresso, antes de ser absolvido pelo Senado.

Além de Vindman e Sondland, foi removida do cargo nesta semana a consultora da Casa Branca Jennifer Williams, que também foi testemunha no processo do impeachment de Trump.

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