Política
Apagão em São Paulo: ministro afirma que atuação da Enel ‘beirou a burrice’
Alexandre Silveira anunciou o envio de 2.900 profissionais de agências de energia de outros estados para ajudar a solucionar o problema


O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, fez duras críticas à Enel, concessionária de energia elétrica da capital paulista, e disse que a estratégia da empresa de cortar postos de trabalho sob alegação de estar modernizando o sistema “beirou a burrice”.
“Não adianta você modernizar seu parque de distribuição sendo que, quando o problema é físico, por mais que você, da sua central, tente religar a rede, você não vai conseguir, [já que] o problema é físico. Você tem que ter gente para estar lá”, disse, durante entrevista coletiva nesta segunda-feira 14. “Faltou planejamento e beirou a burrice”.
Até o início da tarde desta segunda, cerca de 430 mil endereços seguiam sem energia na Grande São Paulo. Segundo o ministro, mais de 50% dos eventos que causaram as interrupções foram provocados por quedas de árvores e quebras de galhos e, por isso, é preciso que os trabalhadores estejam na rua fazendo os reparos.
Durante a entrevista desta segunda, Silveira anunciou o envio de 2.900 profissionais de agências de energia elétrica de diferentes partes do país, além de 200 caminhões e dezenas de equipamentos de reparo para São Paulo. A maior cidade do país sofre com a crise energética desde a última sexta-feira.
Silveira disse que o governo federal está empenhado em garantir o restabelecimento da energia, e a liberação de profissionais, veículos e equipamentos foi garantida após diálogo com outras operadoras.
O ministro criticou a postura da Enel, que afirmou não ter previsão para restabelecer o serviço. Para o ministro, a concessionária “cometeu um grave erro de comunicação e de compromisso contratual com a população de São Paulo”. Foi dado prazo de três dias para total restabelecimento do fornecimento.
Decreto e Responsabilidades
Em resposta às críticas do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que havia responsabilizado o governo federal pelos contratos com as distribuidoras, Silveira ressaltou a existência de um decreto publicado há 90 dias que permite a antecipação de contratos das distribuidoras e prevê a medição das respostas a eventos severos.
O novo regulamento substitui o anterior, que tirava a responsabilidade e evitava cobranças às empresas fornecedoras em caso de eventos climáticos severos. O ministro garantiu que as empresas que não adotarem medidas de eficiência para assegurar a entrega de energia aos cidadãos terão a distribuição de lucros limitada ao mínimo legal.
“As distribuidoras passarão a ser penalizadas se não tiverem um planejamento para esses eventos. As prestadoras precisam se precaver a esses eventos, principalmente tendo em vista as mudanças climáticas. Não é possível ser reativo a eventos que devem ser cada vez mais frequentes”, disse Silveira.
O ministro também defendeu a criação de um marco legal que permita às distribuidoras atuar na manutenção preventiva, apontando que muitos municípios falham na zeladoria urbana, principalmente a capital paulista.
Mais cedo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizou uma reunião extraordinária para discutir as ações a serem tomadas diante do apagão.
“Falta proatividade da agência reguladora (Aneel), que não está supervisionando as responsabilidades das empresas distribuidoras”, concluiu Silveira.
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