Aos gritos, Bolsonaro faz ameaças após derrota de Francischini: ‘Não vou viver como um rato. Tem de haver reação’

'Eu sou o chefe das Forças Armadas. Não vamos fazer o papel de idiotas', afirmou o ex-capitão em evento no Palácio do Planalto

Foto: Reprodução/TV Brasil

Apoie Siga-nos no

O presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu aos gritos à decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal de manter a cassação do deputado estadual bolsonarista Fernando Francischini (União-PR) por divulgação de fake news sobre as eleições de 2018.

Em evento no Palácio do Planalto, o ex-capitão voltou a insinuar fraudes nas próximas eleições, sem apresentar qualquer evidência. Também tornou a mencionar as Forças Armadas e fez novos ataques ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin.

Votaram para derrubar uma decisão pró-Francischini de Kassio Nunes os ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes. Apenas André Mendonça se juntou a Kassio Nunes pela manutenção da liminar – os dois foram indicados ao STF por Bolsonaro.

Assim, a Segunda Turma confirma a condenação imposta pelo TSE em 2021 a Francischini por 6 votos a 1. Nesta terça, Bolsonaro indicou que o objetivo da Corte seria “criar jurisprudência para perseguir os outros que por ventura não gostassem do seu comportamento”.

Francischini, aliado de Bolsonaro, foi cassado no ano passado por propagação de fake news sobre as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral em 2018. O deputado estadual transmitiu uma live pelas redes sociais no dia das eleições alegando que os equipamentos não registrariam os votos corretamente. Ele foi eleito com 427 mil votos.

“Deputado, vai chegar a sua hora, se você não se indignar”, disse Bolsonaro no Planalto. “Não existe tipificação penal para fake news. Se for para punir fake news com derrubada de páginas, feche a imprensa brasileira.”


Segundo o presidente da República, Francischini “não espalhou fake news, porque o que ele falou na live eu também falei: que estava havendo fraude na eleição de 2018″.

“Que Brasil é esse? Que Justiça é essa? Onde está o nosso TSE quando convida as Forças Armadas, via portaria, a participar de uma comissão de transparência eleitoral?”, perguntou. “Descobrem centenas de vulnerabilidades, apresentam nove sugestões. Não gostaram. Convidaram para quê, ora bolas? Para fazer papel do quê? Eu sou o chefe das Forças Armadas. Não vamos fazer o papel de idiotas.”

E acrescentou: “Tenho a obrigação de agir. Tenho jogado dentro das quatro linhas. Será que três do STF que podem muito podem continuar achando que podem tudo? Eu não vou viver como um rato. Tem que haver uma reação. E, se a população achar que não tem de ser dessa maneira, preparem-se para ser prisioneiros sem algemas”.

Bolsonaro também voltou a ameaçar descumprir decisões do STF. Ele criticou diretamente a possibilidade de a Corte recusar a aplicação da tese do chamado Marco Temporal na demarcação de terras indígenas no País.

“O que eu faço se aprovar o Marco Temporal? Tenho duas opções: entrego a chave ao ministro do Supremo ou digo que não vou cumprir. Eu fui do tempo em que decisão do Supremo não se discute, se cumpre. Eu fui desse tempo, não sou mais”, afirmou. “Certas medidas saltam aos olhos dos leigos. É inacreditável o que fazem. Querem me prejudicar, mas prejudicam o Brasil. Para onde vai esta Pátria? Como está o Brasil pós-pandemia e mesmo com essa guerra? Estamos bem, levando-se em conta a maioria dos outros países.”

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

8 comentários

Amar Domingues 8 de junho de 2022 13h12
O inominável sente que pode continuar com suas ameaças. As instituições toleram seus crimes. O inominável se cercou de canalhas. O inominável perpetrará seus crimes maiores, incendiando o Brasil por medo da prisão. Mil cretinos armados farão um estrago infinitamente maior do que o do Capitólio. 10 milhões de compatriotas apoiam o golpe. A História registrará o nome de Augusto Aras e Arthur Lira como os associados do inominável. Que Deus nos proteja, já que as instituições nos abandonaram.
Arif Cais 8 de junho de 2022 11h55
Não polua as habitações dos ratos, Presidente. Já que fez da nossa sociedade. Arif Cais São José do Rio Preto - SP
Paulo Roberto Isaías 8 de junho de 2022 11h29
Estamos no abismo. Não é admissivel termos um governo que se elegeu espalhando notícias falsas, após a posse somente espalha notícias falsas, não prova nada que afirma, não trabalhou em nenhum projeto que poderia melhorar a vida do povo, principalmente do pobre, só fala em arma. Enfim, só destrói o que de bom ou razoável ainda existe. E o pior: ainda consegue arregimentar milhões de brasileiros para votar na sua continuidade, ou no voto ou num desejado golpe miltar.
Olésio Souza 8 de junho de 2022 05h22
Um bosta chilicando que é uma bosta de um chefe de outra bosta maior que ele...
Olésio Souza 8 de junho de 2022 05h18
O rato dizendo que não é rato. Nega a si mesmo...
Olésio Souza 8 de junho de 2022 05h17
Bolsonaro já era... Lula lá...
Cléber Souza da Cruz 8 de junho de 2022 00h31
A verdadeira ameaça à democracia e liberdade são os mesmos que comandam STF e TSE. E o Senado, nada faz...
Dario Schaffer 7 de junho de 2022 21h35
Tá perdendo o que nunca tinha, a governabilidade e o equilíbrio, e mostrando a carantonha. Já perdeu as eleições e quer ganhar no grito. Não vai. Obs.: Queria ver a cara dos dois capachos dele no STF!

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.