Política
Antes demonizado, ‘Fundão’ foi 83% da receita de campanha do Novo em São Paulo
Marina Helena recebeu 84.212 votos, equivalente a 1,38% do total de votos válidos, e terminou a eleição em sexto lugar
Repasses da Direção Nacional do Novo responderam por quase 83% das receitas para a campanha de Marina Helena à prefeitura de São Paulo. Os recursos provêm do chamado Fundo Especial, também conhecido como Fundo Eleitoral ou “Fundão”.
A candidata recebeu 84.212 votos neste domingo 6, equivalente a 1,38% do total de votos válidos, e terminou a eleição em sexto lugar.
O Novo fez quatro repasses à campanha de Marina: 200 mil reais em 20 de agosto, 300 mil naquele mesmo dia, 600 mil em 23 de agosto e 1,34 milhão em 2 de setembro. Os envios totalizaram 2,44 milhões de reais.
Também há 225.522 reais encaminhados pela Direção Municipal do partido, divididos em três aportes. Nestes casos, o dinheiro está sob a rubrica de “outros recursos”.
Além do suporte partidário, há pessoas físicas listadas como doadoras da campanha, com contribuições entre um centavo e 50 mil reais. Ao todo, as receitas da campanha somam 2,94 milhões de reais.
Os dados utilizados nesta matéria eram os mais recentes no sistema do Tribunal Superior Eleitoral até o início da noite da segunda-feira 7 de outubro.
A utilização do Fundo Eleitoral marca um cavalo de pau na trajetória do Novo, que há pouco tempo demonizava esse dinheiro. Em fevereiro deste ano, porém, a sigla aprovou o uso do “Fundão” na disputa municipal – segundo seu presidente, Eduardo Ribeiro, haveria “critérios objetivos e claros”, um dos quais a “meritocracia”.
O Fundo Eleitoral aprovado pelo Congresso Nacional para 2024 é de 4,9 bilhões de reais.
Não foram raras as ocasiões, ao longo dos últimos anos, em que o Novo atacou o “Fundão” e se vangloriou por dispensar recursos públicos.
“O Novo é contra o Fundão, dinheiro do cidadão que podia ir para educação, saúde e segurança, mas vai financiar campanhas e ajudar os políticos de sempre a se perpetuarem no poder”, dizia um texto publicado pela legenda em seu site oficial em julho de 2021.
As campanhas no Brasil podem ser financiadas por doações de pessoas físicas, recursos próprios de candidatos e verbas públicas.
Por mais de cinco décadas, o Fundo Partidário foi a única fonte de dinheiro público destinado às agremiações. Em 2017, porém, o Congresso Nacional aprovou a criação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o Fundo Eleitoral, para compensar o fim do financiamento por empresas, determinado pelo Supremo Tribunal Federal em 2015.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Ladrão não mexe com polícia, diz coronel vice de Nunes sobre a equipe de Marçal
Por CartaCapital
Próximos debates mantêm convite a Marçal, apesar do caos no Flow
Por CartaCapital
Quaest em São Paulo: Nunes cresce entre os evangélicos e se distancia de Marçal
Por CartaCapital



