Política
Aneel pede cautela e diz que caducidade da Enel em São Paulo seria ‘medida extrema’
Se efetivada, esta seria a primeira vez na história do Brasil que uma concessão de distribuição elétrica é cassada
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, enviou, nesta terça-feira 22, um ofício ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, recomendando que o governo se abstenha de sugerir o término do contrato de concessão da Enel em São Paulo sem uma análise profunda. A distribuidora tem enfrentado críticas após o apagão que atingiu a região metropolitana da capital paulista na semana passada.
No documento, Feitosa destaca que a responsabilidade pela verificação da viabilidade de encerrar o contrato cabe à Aneel, e que a cassação da concessão só deve ser cogitada quando todas as outras ações de fiscalização forem consideradas ineficazes.
“A caducidade de uma concessão é uma medida extrema, prevista na legislação, e deve ser aplicada apenas quando outras medidas de fiscalização não forem suficientes para readequar o serviço. Um processo dessa natureza requer grande robustez, garantindo ampla defesa e contraditório, além de pleno respeito às leis e regulamentos vigentes”, anotou o diretor da Aneel.
Na semana passada, Silveira sinalizou contrariedade à cassação imediata da concessão, alegando que essa decisão poderia gerar demissões em massa e obrigar o governo a assumir a distribuição de energia— a um custo elevado.
Agora, contudo, o tom parece ter mudado. Também nesta terça-feira, o ministro enviou um ofício à Aneel solicitando a análise da caducidade, citando normas da própria agência que poderiam justificar o término imediato do contrato.
Se efetivada, esta seria a primeira vez na história do Brasil que uma concessão de distribuição elétrica é cassada.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Aneel intima Enel em processo que pode levar ao fim da concessão em SP
Por CartaCapital
Enel acumula mais de 120 mil processos na Justiça entre 2020 e 2024, aponta levantamento
Por André Lucena



