O desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips desnudam a criminosa omissão estatal em relação aos criminosos que atuam na Floresta Amazônica. Colaborador assíduo do The Guardian, Phillips pediu auxílio a Pereira, um servidor licenciado da Funai, para investigar as constantes invasões de madeireiros, garimpeiros, caçadores e pescadores ilegais nas terras indígenas. Desapareceram na manhã do domingo 5, durante um deslocamento de barco pelo Rio Itaquaí, após uma visita aos limites da Terra Indígena Vale do Javari.
Pereira chefiou a Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém-Contatados até 2019, mas foi removido do cargo após liderar uma operação que expulsou centenas de garimpeiros da Terra Indígena Yanomâmi, em Roraima. Na ocasião, os agentes destruíram equipamentos dos garimpeiros e apreenderam um helicóptero. Punido por cumprir o seu dever, o servidor pediu licença não remunerada da Funai e passou a assessorar a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), onde poderia atuar livre das interferências políticas. Sem a proteção institucional do órgão público, passou, porém, a receber numerosas ameaças dos criminosos da floresta.
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