Política

Alinhado a Bolsonaro, novo ministro da Justiça diz que forças de segurança devem garantir o ‘ir e vir’

‘Contem com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para dar esta tranquilidade’, afirmou Anderson Torres em seu discurso de posse

Jair Bolsonaro e Anderson Torres. Foto: Marcos Corrêa/PR
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O novo ministro da Justiça, Anderson Torres, demonstrou seu alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro ao defender, nesta terça-feira 6, que “a força da Segurança Pública” garanta “um ir e vir sereno”.

Torres fez seu pronunciamento de posse em cerimônia reservada e sem transmissão de TV ou internet no Palácio do Planalto. Ele substituiu André Mendonça, que deixou a Justiça para voltar ao comando da Advocacia-Geral da União.

 

“Neste momento, a força da segurança pública tem que se fazer presente garantindo a todos um ir e vir sereno e pacífico. Contem com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para dar esta tranquilidade”, afirmou o ministro.

A declaração se mostra significativa em um momento de contraposição entre Bolsonaro, que se manifesta contra medidas de distanciamento social desde o início da pandemia, e governadores que tomam atitudes para conter a disseminação da Covid-19.

Ainda ecoando o discurso do presidente, Torres tentou estabelecer uma dicotomia entre os impactos sanitários e os efeitos econômicos da pandemia.

“Nós precisamos dar um upgrade neste momento, nós precisamos trazer de volta a economia deste País, a gente precisa colocar as pessoas para trabalhar. Este País precisa girar para a gente poder sair dessa pandemia. Tenho muito medo de crises maiores decorrentes de fome, desemprego e outros problemas nesse sentido. Nós vamos ajudar a superar tudo isso”, acrescentou.

Troca na PF

Anderson Torres também decidiu, nesta terça-feira 6, demitir Rolando de Souza do cargo de diretor-geral da Polícia Federal. A manobra foi autorizada por Jair Bolsonaro.

A informação sobre a troca no comando da PF foi divulgada inicialmente pelo jornal Folha de S.Paulo. Em abril de 2020, uma mudança no posto foi o estopim para o fim da passagem de Sergio Moro pela Justiça. Naquela ocasião, Bolsonaro decidiu tirar Mauricio Valeixo da diretoria-geral da PF, movimento não endossado por Moro.

O ex-juiz e ex-ministro sustenta, desde então, que o presidente tentou interferir politicamente na PF. Moro afirmou à época não ter assinado a exoneração de Valeixo, da qual teria tomado conhecimento apenas pelo Diário Oficial da União.

Por meio da troca no comando da PF e da Superintendência do órgão no Rio de Janeiro, sustenta Moro, Bolsonaro praticaria sua interferência, a fim de proteger familiares e aliados. As acusações resultaram na abertura de uma investigação pelo Supremo Tribunal Federal em 28 de abril.

Em depoimento, o ex-juiz argumentou que a famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020, divulgada no mês seguinte, serviria de prova contra o presidente.

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar foder minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar, se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse Bolsonaro na reunião. O presidente nega desde o início as acusações.

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