Política

Alessandro Vieira quer pesquisa como critério para escolher candidato da federação entre Cidadania e PSDB

Senador deixa afirma que não tem restrição a Doria ou qualquer nome do campo de centro para composição

O senador Alessandro Vieira. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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Mesmo após seu partido aprovar a formação de uma federação com o PSDB, o senador  Alessandro Vieira (Cidadania-SE) diz que sua pré-candidatura à Presidência da República está mantida e que o “critério mais racional” para escolha de um nome é o desempenho na intenção de voto e na rejeição medidas pelas pesquisas eleitorais. O mesmo argumento de Vieira foi utilizado na sexta-feira pelos pré-candidatos Simone Tebet (MDB) e Sergio Moro (Podemos).

Levantamentos de diversos institutos mostram que Doria tem maior rejeição que Vieira, embora o paulista tenha melhor desempenho nas pesquisas, seja mais conhecido nacionalmente e tenha o legado da vacina Coronavac contra a Covid-19. O quesito rejeição é algo que também tem sido usado por um grupo de dissidentes tucanos resistentes a Doria para tentar minar a candidatura do paulista, que venceu as prévias da sigla em dezembro.

Atualmente, a taxa de reprovação do governo Doria em São Paulo se manteve em 38% nas duas últimas pesquisas Datafolha, realizadas em setembro e dezembro do ano passado. Já o índice de paulistas que classificam a gestão como ótima ou boa foi de 24% nos dois levantamentos, enquanto o percentual de regular oscilou de 38% para 37%.

— Nada muda até o presente momento. O partido decidiu manter a minha pré-candidatura (…). É único critério racional (uso de pesquisa para definir candidatura), qualquer coisa diferente vai ser artificial e ineficiente — afirma Vieira. — A rejeição é um problema. Mas o governador Doria entende que é possível reverter.

Vieira sempre foi entusiasta da formação de uma aliança do Cidadania com o Podemos do também pré-candidato a presidente Sergio Moro. Ainda assim, essa tese acabou derrotada. Como o PSDB também tem um pré-candidato, que é o governador João Doria, e só poderá haver um candidato, Vieira deixa claro que está aberto para conversar com o paulista sobre a possibilidade de uma composição.

— Não tenho nenhuma restrição a Doria ou qualquer candidato do centro democrático— conclui Vieira, acrescentando que ainda é preciso avançar na consolidação do modelo da federação.

Questionado sobre as falas de Vieira, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, adotou tom conciliador e evitou qualquer embate. Araújo, que tem defendido a união das forças de centro para enfrentar a polarização, afirmou que todas as pré-candidaturas da terceira via têm respeito “recíproco”.

— Doria, Simone e Alessandro… Todos participam democraticamente dessa alternativa que leve a uma candidatura única no nosso campo. O nosso candidato no PSDB é João Doria. E ele próprio tem, de forma madura e respeitosa, se colocado em igualdade nessa construção — disse Araújo.

Nos bastidores, a avaliação de tucanos é de que a formação da federação entre as duas siglas acabaria por sepultar os planos de Vieira. No Cidadania, quem está mais próxima de uma composição para a vice de Doria é a senadora Eliziane Gama, que tem mantido contato frequente com o paulista nas últimas semanas. Doria sempre tem dito que quer uma vice mulher. Na semana passada, Eliziane disse ao GLOBO que é cedo para cravar que será vice de Doria, mas acredita que pode agregar à candidatura do tucano por ser “mulher, evangélica e nordestina”.

A federação é um modelo de aliança pela qual os partidos participantes se comprometem a atuar juntos, como uma só sigla, por pelo menos quatro anos.

Integrantes ligados a PSDB e Cidadania disseram que a formalização deve sair antes de 31 de maio, prazo limite. As negociações finais devem correr a partir de agora para formalizar a federação partidária. A expectativa é de que terminem antes da data final, mas não há previsão.

A negociação entre PSDB, MDB e União Brasil deve seguir em andamento, mas no mundo político essa união é vista como improvável. Isto porque MDB e União Brasil têm lideranças divididas nos estados entre o apoio ao ex-presidente Lula e ao presidente Jair Bolsonaro.

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