Política
Alessandro Vieira: ‘O desafio de Doria é superar uma rejeição muito elevada’
Em entrevista a CartaCapital, o senador analisou as candidaturas de Doria e Moro e falou sobre sua disputa para governador de Sergipe pelo PSDB


A candidatura de João Doria (PSDB) para presidente da República pode se tornar competitiva até o mês de junho, mas tem como principal desafio a superação de uma alta rejeição ao seu nome. A avaliação foi feita pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) em entrevista ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube, nesta sexta-feira 1º.
O parlamentar vê com otimismo o avanço da candidatura do governador de São Paulo ao Palácio do Planalto. Nesta semana, em meio a rumores de que poderia retirar o seu nome da disputa, Doria declarou manter sua intenção de competir como a terceria via contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Questionado se o PSDB tem condições de oferecer uma campanha consolidada ao tucano paulista, uma vez que correligionários como Aécio Neves (MG) manifestam objeção ao nome, Vieira disse considerar que essa dificuldade é enfrentada por todos os partidos grandes, com exceção do PT.
“O desafio de Doria não é construir palanque”, afirmou o senador. “É superar uma rejeição pessoal muito elevada, sobre a qual ele tem total consciência. Eu conversei algumas vezes com o ex-governador João Doria sobre esse tema. Ele sabe perfeitamente que tem um problema de rejeição para tratar e tem convicção de que consegue reverter isso.”
Em relação ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro, Vieira analisa que a possível retirada de seu nome na disputa pela Presidência retrata a sua “falta de compreensão” de que a construção de uma candidatura desse porte deve ocorrer “em grupo”.
Durante a semana, Moro anunciou a saída do Podemos, pelo qual era pré-candidato ao Planalto, e oficializou a filiação ao União Brasil, com a sinalização de que abriria mão da disputa. No entanto, nesta sexta, Moro disse que não desistiu “de nada” e gerou insatisfação na nova legenda.
“Ninguém consegue ser candidato de si mesmo”, disse Vieira a CartaCapital. “Mesmo quando representa um sentimento de uma parcela significativa da população. É importante ter movimentos que reduzam a polarização e que abram espaço para nomes de consenso, mas tudo isso tem que ser devidamente articulado e construído.”
Vieira acaba de deixar o Cidadania para concorrer ao governo de Sergipe pelo PSDB.
Atualmente, o estado é administrado pelo governador Belivaldo Chagas (PSD), que apoia o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD-SE) como seu sucessor. Outros nomes competitivos são o do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), o ex-prefeito de Itabaiana Valmir Francisquinho (PL) e o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
Segundo Vieira, as pesquisas apontam “bom resultado” para o momento de sua candidatura. Em meados de março, o instituto Paraná Pesquisas o apontou com 9,4% dos votos, em terceiro lugar, empatado com Mitidieri (11%) e Carvalho (9,1%), e atrás de Nogueira (28,2%) e de Francisquinho (19,9%).
“As pesquisas apontam bom resultado para o nosso momento de pré-candidatura, mas isso está muito longe de ser a hora final. Tem muita coisa para construir em coligações e em diálogo com a sociedade.”
Confira a seguir a entrevista na íntegra:
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