Política

Além de abrir inquérito, TSE pede que STF investigue Bolsonaro por fake news

O presidente da Corte eleitoral, Luís Roberto Barroso, encaminhou uma notícia crime contra o ocupante do Planalto a Alexandre de Moraes

Além de abrir inquérito, TSE pede que STF investigue Bolsonaro por fake news
Além de abrir inquérito, TSE pede que STF investigue Bolsonaro por fake news
Luís Roberto Barroso e Jair Bolsonaro. Fotos: Nelson Jr./STF e Evaristo Sá/AFP
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O Tribunal Superior Eleitoral tomou, na noite desta segunda-feira 2, duas decisões que marcam uma reação a Jair Bolsonaro. Além da abertura de um inquérito administrativo para investigar os ataques infundados e as ameaças do presidente às eleições de 2022, a Corte enviou ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime para incluir Bolsonaro no chamado inquérito das Fake News.

O ofício foi encaminhado pelo presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das Fake News no STF. No documento, Barroso incluiu um link para o pronunciamento de Bolsonaro na última quinta-feira 28, em que fez uma série de alegações falsas contra o sistema eleitoral.

Ambas as decisões – a instauração do inquérito e o envio da notícia-crime – foram tomadas por unanimidade. O responsável pelo pedido de abertura do inquérito administrativo é o corregedor-geral Eleitoral, Luís Felipe Salomão.

“Ampliando-se seu escopo para apurar fatos que possam configurar abuso do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos e propaganda extemporânea relativamente aos ataques contra o sistema eletrônico de votação e a legitimidade das eleições de 2022”, diz trecho do pedido.

“O inquérito compreenderá ampla dilação probatória, promovendo-se medidas cautelares para colheita de provas, com oitivas de pessoas e autoridades, juntada de documentos, realização de perícias e outras providências que se fizerem necessárias para a adequada elucidação dos fatos”, afirma ainda o texto avalizado pelos ministros do TSE.

Barroso reage

Na sessão desta segunda, que marcou a retomada dos trabalhos do TSE após o recesso do Poder Judiciário, Barroso fez um pronunciamento em defesa do sistema eleitoral brasileiro.

O discurso não mencionou diretamente as ameaças do presidente Jair Bolsonaro ou a tentativa de intimidação por parte do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto – que, segundo o jornal O Estado de S.Paulo, mandou um interlocutor avisar aos Poderes que não haveria eleições em 2022 sem o que os bolsonaristas chamam de ‘voto impresso auditável’.

Barroso, porém, afirmou que a “ameaça à realização de eleição é uma conduta antidemocrática”.

“Nós já superamos os ciclos de atraso institucional, mas há retardatários que gostariam de voltar ao passado”, afirmou o magistrado. Ele mencionou o caso da invasão do Capitólio dos Estados Unidos por apoiadores de Donald Trump que não aceitaram o resultado das eleições de 2020.

“Nos Estados Unidos, há voto impresso ou em cédula. Voto impresso não é contenção adequada para o golpismo”.

“A ameaça à realização de eleições é uma conduta antidemocrática. Suprimir direitos fundamentais, incluindo de natureza ambiental, é uma conduta antidemocrática. Conspurcar o debate público com desinformação, mentiras, ódio e teorias conspiratórias é uma conduta antidemocrática. Há coisas erradas acontecendo no País e nós todos precisamos estar atentos, precisamos das instituições e da sociedade civil alertas”, prosseguiu.

Segundo Barroso, uma das manifestações do autoritarismo no mundo contemporâneo é o ataque às instituições, “inclusive às instituições eleitorais que garantem um processo legítimo de condução aos mais elevados cargos da República”.

O presidente do TSE aproveitou a sessão de reabertura para, mais uma vez, rebater as principais acusações contra as urnas eletrônicas e a apuração dos votos, entre elas a de que a “apuração é feita em uma sala secreta do TSE”.

“Essa é uma afirmação de quem não tem a menor ideia de como funciona o esquema, gente que vive na argumentação do absurdo. No sistema brasileiro, o resultado das eleições sai às 17h, quando a urna imprime o Boletim de Urna. A partir desse momento, o resultado da eleição já existe. A totalização apenas é feita no TSE porque o Brasil tem cerca de 5.600 mil municípios e, portanto, a totalização é feita por um supercomputador”, explicou.

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