Política

Alcolumbre cria grupo de trabalho para regulamentar mineração em terras indígenas

O colegiado será presidido por ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro e deve entregar um relatório em 180 dias

Alcolumbre cria grupo de trabalho para regulamentar mineração em terras indígenas
Alcolumbre cria grupo de trabalho para regulamentar mineração em terras indígenas
Indígenas protestam no Congresso Nacional contra projetos de lei sobre a demarcação de terras indígenas e liberação da mineração nas regiões (Foto: EVARISTO SA / AFP)
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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), determinou a criação de um grupo de trabalho para discutir a regulamentação da mineração em terras indígenas. O ato foi formalizado no Diário Oficial da Casa Alta nesta quarta-feira 23.

O grupo, formado por dez senadores, deve entregar um relatório em até seis meses. A presidenta do colegiado será Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura sob o governo de Jair Bolsonaro (PL).

O objetivo da iniciativa, segundo Alcolumbre, é criar uma proposta equilibrada, livre do que chama de “contaminações ideológicas”. Ele também disse que compete apenas ao Legislativo debater o assunto.

“Não queremos uma iniciativa que paralise a inclusão social dos povos que vivem nessas terras e que desejam um futuro com melhores condições, nem um texto que legitime a exploração predatória de nossas riquezas”, alegou o chefe da Casa.

Entre os integrantes do grupo estão os senadores Rogério Carvalho (PT-SE), Weverton Rocha (PDT-MA), Zequinha Marinho (Podemos-PA) e Mecias de Jesus (Republicanos-RR). Mecuas foi autor de uma emenda à Constituição que liberava qualquer atividade produtiva em terras indígenas, mas recuou após a pressão de movimentos sociais.

Marinho, por sua vez, é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal por supostamente integrar uma organização criminosa envolvida com grilagem de terras no Pará. O líder da bancada evangélica no Senado nega as acusações.

No ano passado, o presidente do Senado reacendeu o debate sobre a demarcação de territórios indígenas entre Congresso Nacional, governo federal e STF. Alcolumbre disse à época ter se sentido “enganado” pelo Palácio do Planalto, que, por meio de decretos, reconheceu áreas dos povos originários em Santa Catarina enquanto a cúpula dos Três Poderes buscava um acordo.

A negociação à qual o senador fez menção envolve a lei do Marco Temporal, aprovada pelo Congresso uma semana após o STF declarar a inconstitucionalidade da tese ruralista. O presidente Lula (PT) chegou a barrar parte do texto, mas os parlamentares derrubaram o veto.

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