Política

Aécio pediu 15 milhões de reais na eleição de 2014, diz Odebrecht

Em depoimento à Justiça Eleitoral, o empreiteiro afirma que o tucano fez o pedido em meio à disputa com Marina Silva na campanha de 2014

Aécio: enroscado pelo depoimento de Odebrecht
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Em dezembro de 2014, menos de dois meses depois da quarta derrota consecutiva nas eleições presidenciais para o PT, o PSDB entrou com ações na Justiça Eleitoral para cassar o mandato de Dilma Rousseff e de seu então vice, Michel Temer (PMDB), por abuso de poder econômico.

Com o impeachment da petista, ao qual o PSDB se dedicou com afinco, a ação no Tribunal Superior Eleitoral, presidido por Gilmar Mendes, se tornou uma espécie de “coringa” para os tucanos, e uma ameaça a Temer. Como deixou claro o senador Cássio Cunha Lima em uma entrevista, ela só avançaria caso o novo governo não andasse na linha.

Agora, em março de 2017, a ação volta para assombrar os tucanos. Conforme apurou CartaCapital, em depoimento no TSE, na quarta-feira 1º, o empresário Marcelo Odebrecht, dono da empreiteira que leva o nome de sua família, relatou diversas conversas com Aécio Neves e contou que o senador, presidente do PSDB e então candidato ao Palácio do Planalto, sempre pedia contribuições de campanha. 

No início da disputa eleitoral, Odebrecht disse que Aécio pediu 5 milhões de reais. Um outro pedido teria ocorrido no meio do primeiro turno, quando a disputa entre Aécio e Marina Silva estava bastante acirrada. Odebrecht afirmou que inicialmente negou o pedido do tucano, por considerar o valor muito alto, e que Aécio rebateu sugerindo como “alternativa” que os pagamentos fossem feitos aos seus aliados políticos.

As tratativas para o pagamento foram realizadas, segundo o delator, por Sérgio Neves, superintendente da Odebrecht em Minas Gerais, e Oswaldo Borges da Costa, apontado como tesoureiro informal do tucano. Odebrecht disse ter sido informado, após ser preso na Operação Lava Jato, que o aporte financeiro pedido por Aécio não se concretizou e que só se recorda de doações oficiais para o tucano.

Ocorre que o valor de 15 milhões de reais citado por Odebrecht coincide com uma anotação a constar de uma planilha da empreiteira apreendida pela 26ª fase da Operação Lava Jato. Batizada de Xepa, a operação descobriu a existência do departamento de Operações Estruturadas da companhia, definido pelo Ministério Público Federal como “departamento de propina”.

Este valor de 15 milhões de reais estava anotado ao lado de “Mineirinho”, alcunha que se referia a Aécio, segundo contou Claudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht e delator da Lava Jato. O valor teria sido pago entre 7 de outubro e 23 de dezembro de 2014. Os detalhes da operação devem constar na colaborações premiadas de executivos da empreiteira homologadas pelo STF no início do ano.

O PSDB afirmou que as doações feitas pela Odebrecht foram declaradas à Justiça Eleitoral e que Odebrecht em nenhum momento “disse ter feito qualquer contribuição de caixa dois à campanha eleitoral do partido em 2014”. Ainda segundo o PSDB, Oswaldo Borges nunca foi tesoureiro informal de nenhuma campanha do partido.

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